kenedygalo

kenedygalo

Mineiro de Paracatu - MG. 43 primaveras bem vividas, com muitas flores e alguns espinhos. Filho, Pai, Avô e Marido. Amante das letras. Comecei a escrever aos 14 anos. Os poemas me libertam dos meus males e eu os liberto para o mundo. Amo escrever! Amo viver!

1975-10-22 Paracatu - MG
1152
0
0

A ROSA E A DAMA DA NOITE

A Rosa soberba,

(Como são todas as rosas!)

Começou falando assim:


 
- Eu sou bela e desejada,

Sou a flor mais cobiçada,

Sou do seio da realeza.

Sou a rainha deste jardim.



- Do universo das plantas.

Sou sinônimo de beleza.

Sou a que a todos encanta.

Não te invejas de mim?



Timidamente a plantinha,

Meio ressabiada

Viu que com ela falava,

Uma rosa assoberbada.

(Como são todas as rosas!)



De fala mansa e baixinha,

Respondeu envergonhada,

Aquela árvore pequena,

De copa farta e verdinha:
 

- Também vivo neste jardim.

Não sou parte da nobreza,

Nem tenho tanta beleza.

Mas isso, não importa para mim!



- Meu nome é Dama da Noite

Ao teu dispor, Majestade!

Rainha, rosa carmim.



A rosa não satisfeita,

Tentando apequenar a estima

Da pobre Dama da Noite.

Não se tomou por rogada

E partiu para o açoite.



- Como podes não te importar

Em ser tão insignificante?

Em ter tronco tão rústico?

Em não ter flores brilhantes?

Em não encantar aos que passam?

E nem inebriar aos amantes?



- Das plantas, és só mais uma!


Isso não te causa vergonha?

Tu vives anonimato.

Nem se pareces com planta.

Tens aparência de mato!



A dama da noite encolhida,

Tentando achar uma resposta,

Olhou a rosa soberba

(Como são todas as rosas!)

E disse com convicção:



- Desculpe, se não te agrado

Não é minha intenção.

Mas nunca achei necessário

Ter dos outros, aprovação.



- Realmente bela Rainha.

Não tenho flores brilhantes

Que inebriam amantes.

Meu tronco é rústico e feio.

Minha aparência é simplória.

Porém, desculpe a franqueza,

Com que me dirijo à nobreza,

Para contar uma história.



- Esse meu lenhoso tronco,

Fincado firme no solo,

Não me deixa vacilar.

Quando enfrento as intempéries

Que a vida constantemente,

Insiste em me apresentar.



- E mesmo com toda a dureza,

Aliada a pouca beleza

De minhas hastes torcidas.

Sou despida de espinhos

Não causo nos outros, ferida.



- E é verdade quando dizes

Que não tenho flores brilhantes,

Nem sedosas como as tuas.

Minhas flores são pequenas

E passam despercebidas.

Porém, quando eu miro a lua,

Elas exalam minha essência

Para a deusa de quatro fases,

À qual presto reverência.

Àquela, que no céu flutua!



- E a essência exalada,

Em noites enluaradas,

Sem nenhuma falsa modéstia.

Te afirmo:

Tem feitiço!

E inebria qualquer um.

Inclusive aos amantes!

 

- Compreenda, Majestade!

Amantes que se beijaram

Envoltos no meu perfume

Jamais se esqueceram

(E jamais se esquecerão!)

Das noites passadas em claro.

Do cheiro que eu exalo

Dos gostos que eles trocaram

E das mãos que passearam



- Se me permites ainda,


Óh! Rainha do meu jardim.

Aproveitando meu afoite,

Afirmo com toda certeza

Não há amantes que esqueçam

O aroma da Dama da noite

 

- E com humildade, Rainha!

Vos digo mais uma coisa

Que me veio à mente agora.

Mesmo não tendo a beleza

Nem o esplendor da senhora

Isso para mim não importa.

Eu não vivo de aparências!

Eu vivo da minha essência!

Que é simples, mas não simplória.


Kenedy Galo – 20/03/2019
165
0

Mais como isto



Quem Gosta

Quem Gosta

Seguidores