

João de Castro Sampaio
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2000-09-26 Ouro Preto
22191
8
15
Quatro,cinco
Morri de fome um dia desses
Ninguém conversava comigo no Céu
Chamei um anjo de filho da puta
E fui direto pro Inferno
Matei meu pai um dia desses
Disse um pobre pecador
Aqui conversam comigo
Solidão não me atinge mais
Morri de infarto, disse um daqueles
Neguei a minha pobre mãezinha
Cortei meus pulsos dia cinco
E agora to aqui
Mas ainda que sofram no fogo
Eles sentem pena de mim
Morrer de fome não é fácil
E é um tremendo sofrimento
Depois de uns dias a gente esquece,
Digo, depois de um tempo a barriga nem dói mais
A gente sente que o mundo fica diferente
Aí não sente mais nada
Impressionados, dizem que sou muito frio
Por não sentir a minha morte
Respondo que a vida é um mistério
Precisa-se de sorte pra viver
Morri de fome um dia qualquer
Segunda-feira, muito calor
Eu tinha leitura
Era um sol camusiano
Leitura, ler era bom
No céu não havia livros
Nem nenhum amigo
Só eu e os anjos filhos da puta
Foi
aí
que
começou
a
falta
de
sentido
Anjos filhos da puta, calor e ódio, eu morri de fome
Não conseguia aceitar
mAS O CÉU EXISTE
então pra lá eu fui
Céu terra e mar, eu morri de fome, de FOME! FOME! Como pode um ser humano ser deixado esquecido em um canto imundo de uma cidade para morrer de FOME meu Deus. A fome doí, eu minto para meus companheiros de castigo, a fome dói. Não há nesse sentido, quem morre de fome merece o céu? Ser miserável nesse sentido é merecer o céu? Eu morri de fome, cortei os pulsos no dia cinco e morri de fome e matei meu pai para depois morrer de fome com um infarto fulmiante dez dias depois embrulhado em um cobertor sujo enquanto fazia frio na cidade de ouro preto cerca de 4 graus era julho mas quando eu morri era setembro eu acho que chovia no dia eu não me lembro
Morri de fome
eu sinto fome no meu inferno sede desejo e fome
meu deus do céu eu morri de fome eu choro eu morri de fome
morri de dor de fome depois cortei os pulsos dia cinco de setembro
Ninguém conversava comigo no Céu
Chamei um anjo de filho da puta
E fui direto pro Inferno
Matei meu pai um dia desses
Disse um pobre pecador
Aqui conversam comigo
Solidão não me atinge mais
Morri de infarto, disse um daqueles
Neguei a minha pobre mãezinha
Cortei meus pulsos dia cinco
E agora to aqui
Mas ainda que sofram no fogo
Eles sentem pena de mim
Morrer de fome não é fácil
E é um tremendo sofrimento
Depois de uns dias a gente esquece,
Digo, depois de um tempo a barriga nem dói mais
A gente sente que o mundo fica diferente
Aí não sente mais nada
Impressionados, dizem que sou muito frio
Por não sentir a minha morte
Respondo que a vida é um mistério
Precisa-se de sorte pra viver
Morri de fome um dia qualquer
Segunda-feira, muito calor
Eu tinha leitura
Era um sol camusiano
Leitura, ler era bom
No céu não havia livros
Nem nenhum amigo
Só eu e os anjos filhos da puta
Foi
aí
que
começou
a
falta
de
sentido
Anjos filhos da puta, calor e ódio, eu morri de fome
Não conseguia aceitar
mAS O CÉU EXISTE
então pra lá eu fui
Céu terra e mar, eu morri de fome, de FOME! FOME! Como pode um ser humano ser deixado esquecido em um canto imundo de uma cidade para morrer de FOME meu Deus. A fome doí, eu minto para meus companheiros de castigo, a fome dói. Não há nesse sentido, quem morre de fome merece o céu? Ser miserável nesse sentido é merecer o céu? Eu morri de fome, cortei os pulsos no dia cinco e morri de fome e matei meu pai para depois morrer de fome com um infarto fulmiante dez dias depois embrulhado em um cobertor sujo enquanto fazia frio na cidade de ouro preto cerca de 4 graus era julho mas quando eu morri era setembro eu acho que chovia no dia eu não me lembro
Morri de fome
eu sinto fome no meu inferno sede desejo e fome
meu deus do céu eu morri de fome eu choro eu morri de fome
morri de dor de fome depois cortei os pulsos dia cinco de setembro
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