Sobre Ela
Nós éramos poeira estelar. O começo e fim de tudo. Brindamos o nascer da vida o tanto de vezes que jogamos o vinho no chão. Enquanto o zelo e o desdém escorriam por nossos corpos, estávamos ali, formando matéria. Nós sempre fomos nós. Por tempo fui tua mãe, até que então virei filha, irmã, no mais tardar, sina de outras vidas. O teu batom era meu abrigo dos dias de chuva, de quando chegavas exausta e mesmo assim me davas o sorriso, aquele mesmo sorriso de quando um bebê ri e não se sabe porquê. Já eu, era o café das tuas manhãs. Acordavas cheia de marra, cara fechada...linda. Só lembro de repetir, linda! E teus olhos se abriam como se dissessem: obrigada por estar aqui. Por mais que tua cara antes do meio dia não fosse tão alegre. Aliás, você demorou pra aprender a acordar cedo. Começou com yoga, mantras, gente careca. Eu não entendia no começo, e querendo estar ali, aprendi contigo que não era mais mãe. Não era mais sua mãe. Como pude? Quando foi que tu cresceu? O que eu perdi? Tu sofreu? Mas me parecia tão plena...eu só podia estar delirando. Virei filha de mim mesma, a mãe. A filha da mãe não era mais ela. Como pode? Observei cada passo de seu crescimento, era referência, tornei-me réu. O martelo foi batido na mesa de vidro. Os estilhaços estão presos em nossos corações. A família desfez-se em uma só tacada. E agora? Já fomos tudo que poderíamos ser, você seguiu meus passos, eu segui os teus, e onde foi que isso nos levou? Eu queria ter uma bomba. Já fomos família completa, pra nós restou ser sombra.
É sombra. É sem sombra de dúvidas que nos aguardamos no infinito. Essa vida foi nós desde o princípio. Vai ser nosso fim. Vai ser nós no fim. Tu me ensinou o caminho da verdade, eu te ensinei que doa a quem doer, dói. E vai doer por muito tempo. Não é de hoje, começamos a nos desatar dia a dia, o café era fresco, não deixou espaço pra alegria. Nossos sorrisos estão fundidos desde a aula de ballet na quarta série, nos intervalos de escola do ensino médio, nós atabaques dos médiuns. Nossa alma, menina, é nossa. Nossa alma não tem dono, somos do mundo, mas somos uma da outra, somos a mesma, mas em outros planos.
Acontece que meu amor é teu, e sempre vou dar-te mais uma vez. Saudade é pra quem tem história, é pra quem guarda no peito as marcas da memória, é pra quem respira fundo, diz: tô indo embora. E se quiser voltar não demora, tua cama tá aqui no meu coração, tua camiseta velha no armário, representa nossa canção. Chegamos a ser teoria, saímos da caverna, somos Platão. Mesmo assim eu rezo, guria, me dá tua mão. Essa é nossa última vida, não vai ter reencarnação, eu quero morrer contigo, é arte nossa canção. Estamos no Romantismo, somos obras divina, esquecemos do perdão. Talvez devêssemos voltar, renascer, revirar toda mágoa. Talvez devêssemos calar. A sorte é tua, eu deixo pra ti tudo que tinha pra dar.
Passado, pretérito imperfeito. Do nosso amor a gente é quem sabe, menina. Hoje eu não sei de mais nada.
É sombra. É sem sombra de dúvidas que nos aguardamos no infinito. Essa vida foi nós desde o princípio. Vai ser nosso fim. Vai ser nós no fim. Tu me ensinou o caminho da verdade, eu te ensinei que doa a quem doer, dói. E vai doer por muito tempo. Não é de hoje, começamos a nos desatar dia a dia, o café era fresco, não deixou espaço pra alegria. Nossos sorrisos estão fundidos desde a aula de ballet na quarta série, nos intervalos de escola do ensino médio, nós atabaques dos médiuns. Nossa alma, menina, é nossa. Nossa alma não tem dono, somos do mundo, mas somos uma da outra, somos a mesma, mas em outros planos.
Acontece que meu amor é teu, e sempre vou dar-te mais uma vez. Saudade é pra quem tem história, é pra quem guarda no peito as marcas da memória, é pra quem respira fundo, diz: tô indo embora. E se quiser voltar não demora, tua cama tá aqui no meu coração, tua camiseta velha no armário, representa nossa canção. Chegamos a ser teoria, saímos da caverna, somos Platão. Mesmo assim eu rezo, guria, me dá tua mão. Essa é nossa última vida, não vai ter reencarnação, eu quero morrer contigo, é arte nossa canção. Estamos no Romantismo, somos obras divina, esquecemos do perdão. Talvez devêssemos voltar, renascer, revirar toda mágoa. Talvez devêssemos calar. A sorte é tua, eu deixo pra ti tudo que tinha pra dar.
Passado, pretérito imperfeito. Do nosso amor a gente é quem sabe, menina. Hoje eu não sei de mais nada.
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