Mário Faustino

Mário Faustino

Mário Faustino dos Santos e Silva foi um jornalista, tradutor, crítico literário e poeta brasileiro. Morreu com apenas 32 anos de idade num desastre aéreo no Peru.

1930-10-22 Teresina PI
1962-11-27 Lima
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o eixo: a envergadura: a tempestade: o todo

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o eixo: a envergadura: a tempestade: o todo-
ária de pranto, advento de borrasca,
o mar sem remo tolda os horizontes,
Bóreas tem asco deste canto e vai-se —
a este, o meio. O mar, alto e bifronte,
o mastro verga ao peso de seus astros,
tudo perdura e passa, Vasco e pano,
a hora atordoada, a ponte, o gado —

estado, tempo insone, maremoto
o peixe em seu sepulcro, o céu doloso,
piso estelado, fulcro de tormentos,
nasce de baixo um feixe, um arco, um pasto —

inviolável ave, procelária,
próxima de seu cume, vela e prumo,
alemar, terraquem, céu soto e supra,
solto esqueleto alado, escuma e sulco,

protelado corcel e corolário
do mar e dor do ar e surto e fumo,
esquálido estilete, flecha e rumo,

esquálido estilete flecho e rumo.


Publicado no livro Poesia (1966). Poema integrante da série Esparsos e Inéditos.

In: FAUSTINO, Mário. Os melhores poemas. 2.ed. São Paulo: Global, 1988. (Os Melhores poemas, 14
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