Morrer

língua
não rima com nádega
mas desliza
saliva
escorre vadia
lambe a maçã do amor

línguas
se enrolam úmidas
aflitas
são engolidas
em desejos movediços

seu corpo oscila
pêndulo
a movimentar segundos
ponteiros
deslizar de seios

ressoam
gritos-gemidos
meu falo abraçado
corpo inteiro
sugado
suado de prazeres
fragrâncias
que impregnaram o quarto

chuleio com os dedos
suas pregas
as nádegas
num remanso molhado
calado
corpos decantados
espraiados

ouço ruído
de navio que parte
pássaros arrebentam-se
na janela
gozam a primavera

morremos para o mundo...

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