Marcelino dos Santos

Poeta.Pertencente a uma elite mestiça de Moçambique, fez estudos liceais naquela então colónia portuguesa e de engenharia em Lisboa e Paris.Empenhado na independência das colónias portuguesas desde as primeiras horas em que tal problema se começou a pôr seriamente, fundou em Lisboa, com Mário de Andrade, Agostinho Neto, Eduardo Mondlane e Amílcar Cabral, o Centro de Estudos Africanos (1951). Depois de uma reunião em Paris «de Consulta e Estudo para a Luta contra o Colonialismo Português», com Lúcio Lara e Amílcar Cabral – Agostinho Neto estava preso em Lisboa –, regressa à capital portuguesa para fundar o Movimento Anti-Colonial (MAC, 1957), que se virá a transformar na Frente Revolucionária Africana para a Independência Nacional das Colónias Portuguesas (FRAIN, Paris, 1960) e ainda na Conferência das Organizações Nacionalistas das Colónias Portuguesas (CONCP, Casablanca, 1961), de que Marcelino dos Santos é eleito secretário-geral.Número dois da FRELIMO desde a sua fundação, com Eduardo Mondlane, em 1962, até hoje, Marcelino dos Santos protagonizou, com Agostinho Neto e Amílcar Cabral, um dos mais importantes golpes internacionais contra as posições colonialistas de Salazar, ao serem recebidos no Vaticano pelo Papa Paulo VI.Depois da independência de Moçambique exerceu ali vários cargos políticos, tais como os de ministro dos Negócios Estrangeiros, ministro da Planificação e do Desenvolvimento Económico e presidente da Assembleia Popular.A sua estreia literária verifica-se em 1955, com poemas que assinava com o pseudónimo de Kalungano, nos jornais de Lourenço Marques Brado Africano, da Associação Africana daquela cidade, e Itinerário. Em 1958, é incluído por Mário de Andrade na Antologia da Poesia Negra de Expressão Portuguesa (Paris, e depois nas edições da mesma antologia: italiana, prefaciada por Pier Paulo Pasolini, 1961, alemã, 1962, e francesa, 1969), ao mesmo tempo que inicia a sua colaboração na revista Mensagem da Casa dos Estudantes do Império, de Lisboa.Para além da obra de Mário de Andrade, acima citada, a poesia de Marcelino dos Santos está representada nas seguintes antologias: Vzgliadom Serdtsa [Olhando pelo Coração], de N. I. Tultchinskala (Moscovo, 1961); Poetas de Moçambique, edição da Casa dos Estudantes do Império (Lisboa, 1962); Zdes' I Trava Rodisia Krasnoi [Aqui o Capim Nasce Vermelho], de Lídia V. Nekrássova (Moscovo, 1967); Poesia Africana di Rivolta, de Giuseppe Tavani (Bari, 1969); Vuur en Ritme [Fogo e Ritmo], de Bertus Dijk (Amesterdão, 1969); Modern Literatures of Subsaharian Africa, de Jrmila Ortová e Vladimir Klima (Praga, 1969); Who's Who in African Literature, de Janheiz Jahn, Ulla Schild e Almut Nordmann (Tübingen, 1972); Literatura Africana de Expressão Portuguesa (Luanda, 1976); Poèziia Bor'by [A Poesia da Luta], de Helena A. Riáuzova (Moscovo, 1976); Antologia Temática de Poesia Africana, 2 vols., de Mário de Andrade (Lisboa, 1976, 1979); Poesia de Combate, edição da FRELIMO (Maputo, 1977).Foi-lhe atribuído o «Prémio Lotus» da Associação de Escritores Afro-Asiáticos.