alisson25

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Um vazio de esperança.

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Alguns Poemas

O Camelo e a Lua


                                                                                                                Ouvi uma história

                              Passava-se no Egito.      Contava-se              que um destemido garoto

                  estava à procura                de um             camelo            que tinha                               sobre

          a corcova                                       a                             Lua.         Levava           noite

ao deserto . Mas                                                                     levava, sobretudo, a Luz           

pela escuridão.                                                                       Era anseio do garoto 

poder sentir                                                                            o que é ser Sol.

Queria                                                                                    encaixar-se                                                           

nas                                                                                         corcovas.

Estávamos enganados

Por que nos enganamos?
Por que fingimos não ver?
Por acaso acertamos durante o engano?
O fingimento nos livra do quê?

Somos todos doentes,
E esta é a verdade.
Fomos adoecendo lenta e
Gradualmente.

Do que éramos já não resta quase nada,
Apenas lembranças que rechaçamos
A partir do crivo doentio
Que rege a todos, morbidamente.

Ídolos existem para serem destruídos.
Mas a destruição não deve ser caótica,
Do contrário edificamos novos templos
Para ídolos piores, nojentos e inúteis.

É este o caso?
Estávamos enganados sobre os nossos ídolos?
Por isso adoecemos?
Agora, por acaso, você está saudável?

Escutei sábias palavras de uma monja budista
A respeito da intoxicação exógena
Causada por psicoativos
Inacessíveis por metabolização humana.

Quer que te digas a verdade?
A vontade de deificar essa personagem
Foi latente, e só depois de refletir
Pude ver o que até então havia visto num fingimento.

Por pouco não abracei um novo ídolo.
Não foi desta vez.
Contudo, colocarei sempre em xeque
Todos os ídolos com os quais eu me deparar? defrontar?

Estávamos enganados e esta é a verdade
Que nunca ninguém quis nos dizer
Por estarem, igualmente, enganados.
Ainda estão, assim como eu estou.

Engano-me há uma vida,
Finjo ser feliz com uma alegria que não é minha,
Aparento ser alguém que eu não sei se sou,
Julgo a todos por não fazerem o que eu faço.

Mas se eu estou enganado
Por que julgo?
Se sei que estão enganados
Por que continuo a julgar?

A verdade é que não há a verdade.
Há um mundo, e isto há!
Há vontade, e isto há!
Há enganos, e isto há!

Eu estava enganado.
Não sou humilde,
Não sou tolerante e nem corajoso.
Sou apenas um iludido, um enganado.

Pensei em finalizar este poema
Na estrofe anterior.
Corroboraria aquilo que penso que sou,
Um covarde doente.

Eu estava enganado!
Oh, dieu, que de algum modo existe,
Ouve-me e se aproxime de mim,
Eu não sou um covarde, nem estou doente!

Sinto a verdade se aproximando,
Calma e serenamente
Até mim, que talvez esteja enganado de novo.
Isto não importa mais.

Pergunte-se “por quê?”,
Se não achar respostas convincentes
Abnegue tudo que te preenche
E nos mantêm absortos, doentes.

Não pergunte “como?”
Confie num futuro melhor.
Não ocorrerão milagres, sabemos disto,
Mas seja o próprio milagre.

O milagre que indaga,
Que questiona, une
Destrói e
Edifica.

O mundo é complexo demais,
E nele é muito fácil nos enganarmos.
Reconheça o erro reconhecido
E não finja mais.

Um dia, talvez,
Possamos relaxar
Com a consciência tranquila
De que não há mais nenhum ídolo a nos perturbar.

Estávamos enganados e
Pior: estávamos confiantes de que estávamos certos.
Ainda estamos enganados, de alguma maneira,
Porém a consciência do engano não nos engana mais.

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