Vida humana
Quiçá, miraculosa desventura
quiçá desnecessária se tornasse
sejais de todo um contentamento
que dos acertos, muitos nos falhasse
Em nós fulgura, brilho, cor sem nome
Primordial pendor de crueldade
A dor que abre os olhos, apunhala
nos modifica e trai fragilidade
Quiçá, miraculoso sofrimento
quiçá não fosses tu tão relevante
Sejais em nós uma forte consciência
Reformulando a alma navegante
Em nós, de preto e branco, sem beleza
Primordial sabor da humanidade
Sem brilho nos ensina enquanto vivos
defeitos mil, da vil realidade
Irrevogável ponto em comum
Sinônimo de humano, sua sorte
Persegue-nos noturna e diariamente
Persegue-nos de perto a nossa morte
Sinônimo da mui fragilidade
pra muitos, fonte de terror e mal
Não há, pra esses, fonte de sentido
Como não há na morte de um animal
Se os problemas todos nos perseguem
E traem nossa irrealidade
De mil necessidades, todas vem
nos coroar de vil humanidade