

Alexandre Rodrigues da Costa
Alexandre Rodrigues da Costa possui graduação em Letras pela UFMG (1997), mestrado em Letras pela UFMG, e doutorado em Letras pela UFMG.
1972-01-25 Belo Horizonte
18764
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O FIM DA HISTÓRIA
Caros amigos,
a história acabou.
O último que sair,
por favor, apague a luz.
Sim, sei, não
houve motim
e todas as ordens
foram seguidas à risca.
Mas é algo que não
dá para mudar.
A história acabou,
e ninguém furou
os próprios olhos
ou disse
“o resto é silêncio”.
Não, não há nenhuma
“waste land”
ou comédia
para alegrar os tolos.
Evitem fazer perguntas
tão maldosas.
As tvs continuam
ligadas. Então por que
o desespero?
Esqueceram, sim,
corpos
ao longo da praia.
Talvez quisessem
deixar algum sinal
ou enigma
para aqueles que nunca
passaram por aqui.
O latido dos cães
continua a incomodar?
Mas isso não é
nenhum enigma.
Há sempre alguém
que se distrai
com o latido de cães,
quando nada existe
para se escutar.
Cuidado, fizeram
um longo desvio à frente
e dizem que depois
da última curva
há um grande abismo.
Não, não e não.
Quantas vezes já disse:
não podemos olhar
para dentro dele.
Em breve chegaremos
lá, não no abismo, mas
depois dele, onde teremos
todo o tempo
do mundo e se acaso
nos cansarmos de fazer
nada, aí, sim,
poderemos ao menos
nos espancar
a história acabou.
O último que sair,
por favor, apague a luz.
Sim, sei, não
houve motim
e todas as ordens
foram seguidas à risca.
Mas é algo que não
dá para mudar.
A história acabou,
e ninguém furou
os próprios olhos
ou disse
“o resto é silêncio”.
Não, não há nenhuma
“waste land”
ou comédia
para alegrar os tolos.
Evitem fazer perguntas
tão maldosas.
As tvs continuam
ligadas. Então por que
o desespero?
Esqueceram, sim,
corpos
ao longo da praia.
Talvez quisessem
deixar algum sinal
ou enigma
para aqueles que nunca
passaram por aqui.
O latido dos cães
continua a incomodar?
Mas isso não é
nenhum enigma.
Há sempre alguém
que se distrai
com o latido de cães,
quando nada existe
para se escutar.
Cuidado, fizeram
um longo desvio à frente
e dizem que depois
da última curva
há um grande abismo.
Não, não e não.
Quantas vezes já disse:
não podemos olhar
para dentro dele.
Em breve chegaremos
lá, não no abismo, mas
depois dele, onde teremos
todo o tempo
do mundo e se acaso
nos cansarmos de fazer
nada, aí, sim,
poderemos ao menos
nos espancar
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