Não saberia que dizer se me encontrasse Com o silêncio "cara-a-cara", frente-a-frente E a sós com ele, talvez olhasse pra trás E pedisse que não me abandonasse a última
Frase, a última palavra com sentido que disse Sem a sentir pronunciar, sem a pesar nos lábios, Sem a ver distanciar e sentir que vai linda, Inda mais linda a quem a vê chegar parece,
Do que quem a viu partir pra um lado incerto, Não saberia que dizer se me encontrasse Com o silêncio pois ele guarda segredos meus, Despe-os como eu não sei, nem meu coração
Traidor, assim o silêncio me devora as mãos Não o peito, cheio de iras e ais, infiel o sinto Labirinto de enganos, inda mais que o silêncio Plano, oco por fora e branco por dedentro dele,
Finjo que minha alma é ele sem ser sem a ter, Que dentro de mim ouve sem falar, que se esconde, Sem me dar o que preciso pra sentir e dizer e Falar, deixando-me por contar o que penso a fio
E com gestos inúteis que transformo em sombras, Ainda que o silêncio me devore as mãos, trago Flores que não posso explicar ao silêncio vago, Anódio, infinito, árduo ...
Joel Matos (09/2017) http://joel-matos.blogspot.com