tristeza de outono

vem
que o tempo está passando
vem
que estou indo embora
vem
que estou partindo,
correr mundo afora

e quando eu me for
poderei ser capaz de sentir
as ondas me levando ao paraíso?
serei capaz de sentir e ouvir a última batida do meu coração?
e quando tudo isso chegar ao fim
eu vou poder contemplar as estrelas
mesmo adentrando a escuridão?
e eu quero escapar de todo esse caos
que eu mesma criei
e eu estou tão longe de chegar a salvação
mas depois de sentir tanta dor
serei capaz de obter a paz?
eu quero fazer parte de um mundo real
com pessoas reais
não insubstanciais
mas é preferível sonhar
que tentar se enquadrar em um mundo
onde se busca somente perfeição
com rostos bonitos sem cognição

eu não sei a onde pertenço
a que vim
o porque vim
eu não pertenço a lugar algum
eu me desconheço
desconheço o mundo em que vivo
eu busco encontrar a guarida
em corações que me pertencem
eu quero que a tristeza se vá

e eu me entrego por inteira, de cabeça
sem pestanejar, nem pensar
e eu me atrevo a me aventurar
sem pressa, sem temer
porque o futuro começa no novo dia que, se arrisca a amanhecer
o amanhã é agora
e o tempo não para,
arrisque-se
viva-se
liberte-se,
não tema
aventure-se,
entregue-se.

não me queira-me somente quando sou primavera
ar puro na pele
dias em tons pasteis
queira-me também quando sou inverno rigoroso
frio ardente na pele
que descasca e seca
dias em tons escuros
me queiras quando sou outono
folhas secas que caem no chão
vento áspero que percorre a pele
e que arrepia até o amâgo da alma
dias em tons marrons

e eu costumava querer todas as pessoas do mundo pra mim,
ao meu lado
mas carrego comigo à plena consciência de que isso se tornaria pesado,
pesado para alguém que, já carrega tantas experiências negativas e fardos
não que, as pessoas que queria para mim tornariam-se fardos
mas talvez eu me tornasse à elas
e esse seria mais um fardo meu a se carregar
levaria comigo mais uma dor no peito, acrescentada
e talvez eu seja egoísta com esse meu pensamento de que
eu ainda terei a mim
mesmo tendo dado-lhes tudo que podia
ainda sim serei deixada para morrer sozinha
e sim, talvez eu seja egoísta por ser um pouco egoísta e querer mais à mim
que antes todas as pessoas do mundo junto do meu ser
ainda ando aprendendo a valorizar o meu pequeno eu
tão judiado e aos poucos caindo aos pedaços
e mesmo que esteja desmoronando, sempre juntarei teus resquícios e te reconstruirei
te ajudarei sempre a voltar a ser
o teu eu
o teu ser
o meu eu,
o meu ser
e foram tantas experiências ruins com outros seres que eu percebi
que bom que pelo menos ainda terei a mim

se me desejas, assim terás, mas não cabe a mim dizer onde e quando, cabe a ti ceder seus instintos e desejos íntimos, não cabe somente a mim dar-te-á ti

não me queira-me somente quando sou primavera
ar puro na pele
dias em tons pasteis
queira-me também quando sou inverno rigoroso
frio ardente na pele
que descasca e seca
dias em tons escuros
me queiras quando sou outono
folhas secas que caem no chão
vento áspero que percorre a pele
e que arrepia até o amâgo da alma
dias em tons marrons

nunca perca a sua essência
o seu verdadeiro eu
não deixe se perder
não desapareça no meio do caos
gerado ao seu redor
não se desconheça
não desapareça
mesmo estando a mercê da maldade humana
não deixe quem você é de verdade
se perder,
desaparecer, diante de seus olhos
desvanecer, feito cinzas
jogadas ao mar
não quero me desencontrar
do meu verdadeiro eu
estou melhor assim,
seguindo a viagem sozinha
não quero acabar magoada novamente,
esse é o meu destino
caminhar sozinha pelos trilhos
tentando manter o equilibrio
seguindo a direção
buscando encontrar a paz
buscando encontrar o caminho
a estrada
a saída
não quero estar perdida
mesmo já estando,
me perdi
e não consigo mais me encontrar
uma alma vazia
perdida no borrão das estrelas
tentando se achar
se reencontrar
do seu verdadeiro eu,
e é preciso perceber
que com o tempo,
você para de crescer
e começa a notar
a ver
a mudança
que abrange o seu interior