miguelarcanjo

Estudante de Teologia Católica Maronita e Filosofia

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Alguns Poemas

Sentir-se mal ou triste não te torna mais fraco e sim mais humano


O sofrimento não deve ser temido e sim encarado, sentido, vivenciado, para que o entendamos e consigamos conviver com ele, superando-o aos poucos.
Existe uma mania de as pessoas quererem parecer fortes o tempo todo, como se tristeza fosse fraqueza, como se não pudéssemos nos sentir mal de vez em quando. Não somos obrigados a sorrir o tempo todo, isso não existe, ninguém consegue ser feliz desde o amanhecer ao anoitecer. O dia é carregado de surpresas, que nem sempre são boas. Além disso, a gente também fica amuado sem uma razão específica.
Há dias em que a gente acorda mais cabisbaixo, sem ânimo, sem nem saber o porquê daquilo que se sente. Talvez acumulemos tantas decepções e dissabores ao longo de nossa jornada, que chega uma hora em que tudo acaba pesando. Trata-se de uma questão de sobrevivência emocional, pois, caso deixássemos enterrado o que entristece, sem enfrentar e sentir aquilo alguma vez na vida, muito provavelmente iríamos explodir e implodir em algum momento.
Isso ainda fica pior em meio a essa ditadura da felicidade que os meios midiáticos e as redes sociais nos impõem, através de propagandas que atrelam a felicidade ao consumo desenfreado e de postagens de gente feliz, rica, bonita e viajada. Então, como nos é praticamente impossível alcançar aquele patamar material exorbitante veiculado diariamente, acabamos, muitas vezes, sentindo-nos menos capazes, menos afortunados. Sem contar o tanto de batalhas que cada um de nós enfrenta nessa lida cotidiana.
Não adianta, não há pílula, viagem, roupa ou smartphone capaz de afastar de nós a tristeza, a não ser o enfrentamento do que nos abala, para que reelaboremos, dentro de nós, os sentimentos e os afetos que nos constituem a essência. O sofrimento não deve ser temido e sim encarado, sentido, vivenciado, para que o entendamos e consigamos conviver com ele, superando-o aos poucos. É assim que ele nos transforma, tornando-nos mais fortes e seguros quanto ao que necessitamos para continuar prosseguindo.
Às vezes, você pode ficar triste, sim, pode se sentir mal, desanimado e sem vontade de ver ninguém. Mergulhar na tristeza, sem demora exagerada, traz entendimento e liberta, reorganizando os sentimentos, de maneira a nos trazer de volta a luz da esperança. Ninguém é fraco por se sentir triste algumas vezes; trata-se, simplesmente, de uma de nossas características humanas. Não podemos nos demorar na tristeza, mas é essencial vivenciá-la, quando necessário, para que não acumulemos pesos inúteis em meio à esperança que nos motiva diariamente.

Uma técnica dos Padres do Deserto para controlar nossos pensamentos negativos


Sua técnica de guardar o coração tem algumas semelhanças com o uso atual da meditação.
Os Padres do Deserto, cristãos que se abrigaram nos desertos da Mesopotâmia, Egito, Síria e Palestina, entre os séculos III e VII, viviam como eremitas em cabanas, cavernas, árvores ou mesmo em cima de um pilar de pedra. Eles procuraram por uma vida de solidão, trabalho manual, contemplação e silêncio, com o objetivo de crescer espiritualmente. Convencidos da união íntima entre corpo, alma e espírito, os Padres do Deserto - que também poderíamos dizer que foram os primeiros terapeutas - desenvolveram recomendações para curar as “doenças da alma”. Entre essas recomendações estava a de controlar nossos pensamentos, alcançado graças a um método em particular: proteger o coração. Jean-Guilhem Xerri, um psicanalista e biólogo médico, desenvolveu esta prática , mostrando quão relevante ela é na sociedade atual.

Por que devemos controlar nossos pensamentos?
De acordo com os Padres do Deserto, pensamentos descontrolados são as origens de algumas das doenças da alma. Eles identificaram oito doenças não-psicológicas de origem espiritual, classificadas pelo monge Evagrius como: ganância de qualquer tipo, uma relação patológica com o sexo, uma relação patológica com o dinheiro, tristeza, agressividade, acedia (uma doença da alma expressa pela indiferença tédio, preguiça - precursora da indolência) vaidade e orgulho. Essas oito doenças genéricas têm uma fonte patológica: o narcisismo, que os Padres chamavam de    philautia , amor excessivo por si mesmo.

Uma das causas desses pensamentos, que eram considerados preocupantes, era a imaginação. Se uma imaginação é deixada descontrolada, ela evoca visões que às vezes sobrecarregam nossas mentes a ponto de assumir o controle. Com os piores cenários decorrentes de imagens pornográficas, elogios imerecidos ... “A imaginação nos leva a inventar histórias em nossas cabeças que nem sempre são corretas ou pacificadoras”, resume Xerri. Onde está em nosso poder controlá-los: “Se os pensamentos nos incomodam ou não, é algo além do que fazemos. Mas se eles habitam dentro de nós ou não, que eles provocam paixões ou não, é algo que está ao nosso alcance”, escreveu um dos Padres do Deserto, João Damasceno, em seu A Speech Useful for the Soul. Seremos sempre um teatro de sensações e pensamentos: a questão é: o que fazemos com isso? “Diante de tal pensamento”, lembra Xerri, “o homem tem várias possibilidades: consentir ou não, alimentá-lo ou resistir a ele”.

Para esses monges antigos, o objetivo de obter controle de seus pensamentos era alcançar o hesicasmo ; um estado caracterizado por paz, calma, descanso, silêncio e profunda solidão interior; necessário para a contemplação espiritual das coisas e seres, e a compreensão de Deus. Os Padres do Deserto prescreveram muitos métodos para conseguir isso: “guardar o coração”, sobriedade, hospitalidade e praticar meditação.

O que é "Guardando o Coração"?
Guardando o coração, na nepsis grega (vigilância), está atento a tudo que acontece em nosso coração. É um método espiritual que visa libertar o homem de pensamentos ruins ou passionais. Convida-nos a observar os pensamentos que penetram nossa alma e a discernir entre o bem e o mal. Evagrius disse: “Cuide-se, seja o guardião do seu coração e não deixe nenhum pensamento entrar sem questioná-lo.” Como Xerri aponta: “Os mais velhos notaram que os pensamentos sagrados levavam a um estado de paz, os outros a um estado conturbado. ”

O meio indispensável de guardar o coração é prestar muita atenção aos pensamentos e discernir entre aqueles que são bons e curadores, e aqueles que são uma fonte de distração ou obsessão. O objetivo é ganhar a liberdade e alcançar a indiferença, a capacidade de não ser dominado pelos nossos pensamentos.

Estava guardando o coração o antepassado da mediação?
Hoje, as ciências cognitivas estão de acordo com o diagnóstico estabelecido pelos Padres do Deserto a respeito das doenças da alma, que estão crescendo rapidamente hoje, junto com as terapias que já haviam recomendado há quase 2000 anos. É reconhecido que hoje todos nós estamos sofrendo de incontáveis ​​e contínuas demandas sem nossa atenção, e que essa tendência perturba nossa interioridade. Xerri enumera uma variedade de áreas nas quais somos muito estimulados, especialmente graças aos meios digitais: comida, bens materiais, sexo, lazer, auto-imagem, superficialidade, crítica…

Permanentemente em demanda e precisando estar disponível imediatamente, temos em média entre três ou quatro decisões a serem tomadas a cada segundo, de acordo com Xerri. Portanto, é fantasioso esperar ser capaz de controlar voluntariamente nossas decisões em toda a consciência, é simplesmente impossível. "Somos vítimas de um verdadeiro atraso em nossas habilidades de atenção", lamenta Xerri, "mas nossa atenção determina nossa relação com o mundo".

A tradição patrística e as neurociências concordam: retomar o controle de nossa atenção é um desafio fundamental para nossa saúde mental. Os Padres do Deserto recomendaram guardar o coração; a moda hoje é meditação consciente. Ambas as terapias praticam a observação do que está acontecendo ao nosso redor. A meditação, no sentido contemporâneo e não religioso, significa abrir-se à experiência presente, com atenção ao que estamos passando. Como guardar o coração, nos convida a mudar nosso modo de ser no mundo e a torná-lo um hábito a prestar atenção aos nossos pensamentos que se infiltram em nossa alma.

Uma pequena oração para ajudar a proteger seu coração
Em sua tentativa de encontrar o hesicasmo , os Padres do Deserto freqüentemente esvaziavam suas mentes e recitavam a muito simples Oração do Coração, ou Oração de Jesus . Então, se você quiser uma pequena ajuda de nossos antepassados ​​ortodoxos para poder controlar os pensamentos que atravessam nossas mentes, tente encontrar tempo na manhã para dizer esta oração antes que as exigências do dia realmente entrem em ação: “Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus, tenha misericórdia de mim, um pecador. ”(Embora“ pecador ”tenha sido adicionado ao longo dos anos.)

Traduzido do francês por Cerith Gardiner.

APRENDI

Chaplin
APRENDI


Aprendi que eu não posso exigir o amor de ninguém, posso apenas dar boas razões para que gostem de mim e ter paciência, para que a vida faça o resto.

Aprendi que não importa o quanto certas coisas sejam importantes para mim, tem gente que não dá a mínima e eu jamais conseguirei convencê-las.

Aprendi que posso passar anos construindo uma verdade e destruí-la em apenas alguns segundos. Que posso usar meu charme por apenas 15 minutos, depois disso, preciso saber do que estou falando.

Eu aprendi... Que posso fazer algo em um minuto e ter que responder por isso o resto da vida. Que por mais que se corte um pão em fatias, esse pão continua tendo duas faces, e o mesmo vale para tudo o que cortamos em nosso caminho.

Aprendi... Que vai demorar muito para me transformar na pessoa que quero ser, e devo ter paciência. Mas, aprendi também, que posso ir além dos limites que eu próprio coloquei.

Aprendi que preciso escolher entre controlar meus pensamentos ou ser controlado por eles. Que os heróis são pessoas que fazem o que acham que devem fazer naquele momento, independentemente do medo que sentem.

Aprendi que perdoar exige muita prática. Que há muita gente que gosta de mim, mas não consegue expressar isso.

Aprendi... Que nos momentos mais difíceis a ajuda veio justamente daquela pessoa que eu achava que iria tentar piorar as coisas.

Aprendi que posso ficar furioso, tenho direito de me irritar, mas não tenho o direito de ser cruel. Que jamais posso dizer a uma criança que seus sonhos são impossíveis, pois seria uma tragédia para o mundo se eu conseguisse convencê-la disso.

Eu aprendi... que meu melhor amigo vai me machucar de vez em quando, que eu tenho que me acostumar com isso. Que não é o bastante ser perdoado pelos outros, eu preciso me perdoar primeiro.

Aprendi que, não importa o quanto meu coração esteja sofrendo, o mundo não vai parar por causa disso.

Eu aprendi... Que as circunstâncias de minha infância são responsáveis pelo que eu sou, mas não pelas escolhas que eu faço quando adulto.

Aprendi que numa briga eu preciso escolher de que lado estou, mesmo quando não quero me envolver. Que, quando duas pessoas discutem, não significa que elas se odeiem; e quando duas pessoas não discutem não significa que elas se amem.

Aprendi que por mais que eu queira proteger os meus filhos, eles vão se machucar e eu também. Isso faz parte da vida.

Aprendi que a minha existência pode mudar para sempre, em poucas horas, por causa de gente que eu nunca vi antes.

Aprendi também que diplomas na parede não me fazem mais respeitável ou mais sábio.

Aprendi que as palavras de amor perdem o sentido, quando usadas sem critério. E que amigos não são apenas para guardar no fundo do peito, mas para mostrar que são amigos.

Aprendi que certas pessoas vão embora da nossa vida de qualquer maneira, mesmo que desejemos retê-las para sempre.

Aprendi, afinal, que é difícil traçar uma linha entre ser gentil, não ferir as pessoas, e saber lutar pelas coisas em que acredito.

Ostov – O Monge – Legendado Filme russo do diretor Pavel Lungin.


Obra prima do cinema que nos convida a acompanhar a trajetória de um homem comum que soube usar seu sofrimento de uma forma transformadora.
 “O sofrimento pode ser o jardim da compaixão. Se você conseguir manter o coração totalmente aberto, sua dor pode se tornar a maior aliada na sua busca de vida pelo amor e pela sabedoria”, escreve Jalal-ad-Din Muhammad Rumi, poeta persa do século XIII.

Em 1942, durante a Segunda Guerra Mundial, uma embarcação soviética que carrega carvão é capturada pelos alemães, no Mar Branco ao norte da Rússia. Os nazistas oferecem ao marinheiro Anatoly (Pyotr Mamonov) a oportunidade de se salvar caso ele mate o seu capitão Tikhon (Yuri Kuznetsov). Dominado pelo medo, ele atira no oficial, que se mantém firme, impassível até o final. Os nazistas destroem o barco com explosivos, porém o marinheiro sobrevive e é resgatado por um grupo de monges ortodoxos.

O filme conta a história deste marinheiro (Anatoly), que se tornou monge, e da sua busca em encontrar o perdão para o crime que cometeu.

No mosteiro ele é o responsável em alimentar de carvão o forno que fornece aquecimento para as dependências. Completamente corroído pela culpa, passa os seus dias em penitência e oração.

Anatoly nunca cumpre as regras do mosteiro, o que deixa particularmente indignado o padre Iov (Dmitri Dyushev), mas não há o que ele possa fazer, uma vez que até mesmo o abade-superior, padre Filaret (Viktor Sukhorukov), aceita Anatoly como ele é.

Os monges do filme não entendem como pessoas de todos os lugares o procuram para curar seus filhos com milagres. Nos momentos de solidão ele continua a rezar com o mesmo fervor, mantendo acesa, com a mesma intensidade, a culpa que sentiu anos antes quando cedeu à sua covardia para salvar a própria vida.

O filme conquistou seis prêmios segundo a Academia Russa de Cinema: melhor filme, direção (Pavel Lungin), ator (Pyotr Mamonov), ator coadjuvante (Viktor Sukhorukov), fotografia e som.

Assista neste link https://www.youtube.com/watch?v=_cYhxFzq4mY&t=81s

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