Múltiplas paisagens
se me queixo é em vã hora
sob cacos de denúncias líquidas
e espelhos de catedrais ocultas
não me descrevo nos mínimos detalhes
nem me enlaço em fúteis palavriados
(finge a esfinge paralisada no alto do prédio
de olhar petrificado analisa os humanos)
regozija no silêncio noturno
os meios dias em pico de sol na veia
estremece nas ladeiras o horizonte infinito
o coração de pedra não bate mais a porta
por livre acesso nas horas vagas
e o assobio ensurdecedor da infância na boca do homem feito
desanima no toque dos dedos
as palavras em segredo que saem no vazio em desespero
e as incertas saudades da vida
escondidas na alma
atropelam as janelas abertas nos pátios da cidade
em pleno voo livre das aves
a fita no dedo traz lembranças de amores passados
desamarra as frágeis esperanças de um instante seguro em teus braços