pauloafonsobarros_57

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Aprendiz dos filhos e da vida, acredito que cá estamos não por mero acaso.

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Alguns Poemas

Gratidão à brisa que dói e alivia...



Grato aos artistas poetas e pintores, senhores das letras e das tintas, guardiões das muitas formas de expressão dos sentimentos de todos que não passam pela vida indiferentes, a vivem plenamente, celebrando-a e a sofrendo em todos seus amores e perdas.

Grato por darem voz àqueles que alimentam saudades de pessoas e situações sonhadas que nunca puderam ser, mas, tal e qual brasa inflamada pela brisa inocente as sofrerão enquanto a lucidez deixar.

Grato por traduzirem a dor que dói gostosa, fruto de um único momento de um olhar que ficou, nunca mais visto, guardado no coração de quem a sofre sem querer perdê-la.

Grato por suas solidões transformadoras onde encontram o ânimo das criações imortalizadas pela força de sublimes e delicados beijos não revelados e flores não entregues às belas e belos que ficaram no tempo.

Grato por versarem que todas as formas de amor valeram, valem e valerão a pena, pois vivem em almas não pequenas.

Grato por contemplarem pessoas que nunca se viram ou se verão e se amam e continuarão se amando em todas as vezes que mirarem os céus e suas guardiãs, as estrelas, depositárias de todas suas confissões.

Grato aos poetas que nunca pegaram em armas para transformarem almas e mentes.

Grato aos poetas, senhores das letras e das tintas, sobreviventes imprescindíveis aos tempos de fanatismos, perseguições, violências, intolerâncias e pseudoverdades absolutas, estão e serão guardados eternamente.

Grato ao artista, pacificador e humano maior, Jesus Cristo, que plantou a ideia imortal da necessidade do amor universal entre a família humana, sem distinção de credos ou raças.


"Temos saudades do que não existiu, e dói bastante". (Carlos Drummond de Andrade)

"Não existe nada mais artístico do que amar verdadeiramente as pessoas". (Vincent van Gogh)

"Não há você sem mim. Eu não existo sem você". (Tom Jobim e Vinicius de Moraes).

"Eu protegi o teu nome por amor, em um codinome beija-flor, não responda nunca meu amor para qualquer um na rua beija flor" (Cazuza).

"Que seja doce a dúvida a quem a verdade pode fazer mal". (Michelangelo)

"Amai-vos uns aos outros como eu vos amei" (Jesus Cristo).

Todas as Marias do mundo...



Na vida, para bilhões de pessoas, há muita rudeza desde a concepção, ainda assim são também incontáveis histórias de carinho, devoção e generosidade, sentimentos que caminham junto às almas velhas, espíritos encarnados mais evoluídos graças ao conhecimento conquistado que os faz mais sensíveis, menos embrutecidos, razão para serem mais ternos e fraternos, impulsionando os irmãos adormecidos que necessitam de um pequeno ou maior empurrão.

As Marias, mães do mundo, em geral assim o são, desde sempre, quando a mãe de Jesus tudo suportou pelo seu filho, elas nutrem um amor que transcende as relações apenas humanas e se conectam ao que é mais sublime, o olhar de mãe.

Quantas Marias, já sofrendo com as escolhas de seus filhos, aturam outros lhes deitando falação pelos cantos, pelas ruas ou pelas mídias, apontando-lhes execrações com dedos e línguas nervosas e inquietas?

As mães que ainda serão, que partejam, que adotam, que cuidam, que colocam limites, que pedem para avisar quando e onde os filhos e filhas chegarão, que estão entre nós ou que já nos antecederam no plano espiritual, que estão prestes a parir, que estão aprendendo com os nenéns recém-chegados, que acolhem os nascidos com necessidades especiais, que fervorosas rogam ante doenças graves que ameaçam seus filhinhos, que se resignam ante o desencarne aparentemente precoce de seus pequenos, todas elas, tal e qual Maria, não tem jeito, amam, amam e amam.

Obrigado à minha mãe querida, Gilda, que se foi cedo e com quem falo todos os dias.

Obrigado a Deus e à Maria, mãe de Jesus, pela família que tenho e oportunidade de mais uma vida.

Filhos e filhas, cuidem de suas mamães.

Com carinho, um beijo grande a todas as mamães.

Fiquem bem, fiquem com Deus.

Bailarinos dos céus I ...


Ao longo de anos João nutria por Maria mais que uma afeição, mas a introversão e a timidez não lhe permitiam dividir com ela nada além de sorrisos e brincadeiras comuns a uma amizade de muitos anos.

Conheciam-se desde pequenos, frequentaram a mesma escola, estudavam na mesma classe e a partir de um determinado ano, já mais crescidos, iam e vinham sem a companhia das mães.

Ao voltarem para casa, num determinado dia do mês, após Maria acumular alguns trocados de mesada, paravam na única sorveteria daquele canto da cidade para tomar um sorvete e combinavam, ela, a dona do dinheiro, comprava picolés de sabores diferentes, assim cada um saboreava uma metade, forma criativa para fazer de conta que tomaram dois sorvetes dos quais mais gostavam, milho e framboesa.

O primeiro e único beijo inocente foi rápido, gelado, com sabor de milho e framboesa, roubado por Maria.

Faziam a tarefa de casa invariavelmente juntos e sempre no período da tarde, e na casa de Maria, quando Dona Rosa, a mãe da amiga, lhes oferecia um esperado ki suco, num dia de guaraná, noutro de groselha, acompanhado de bolachas de maizena da marca Maria, para eles era uma espécie de chá de todas as tardes, mas só após o dever de casa estar pronto e decorado.

Os anos se passaram, João e Maria sabiam praticamente tudo um do outro, o que mais gostavam e o que mais lhes incomodava.


Maria se chateava sempre que achava estar sendo interrompida quando estivesse conversando, asseverando, - Por favor, não me interrompa.

João, vez em quando, só para provocar, tentava atravessar sua fala, mas por dentro já ria ao vê-la zangada, para ele Maria era e estava sempre bonita, tudo nela era perfeito, os cabelos longos e loiros, gostava ainda mais quando ela os deixava soltos.

Maria sabia muito da timidez de João e como ele ficava embaraçado ao ser elogiado ou chamado à atenção, ficando ruborizado e sem jeito.

Quando estavam com 13 anos os rumos tomados foram diferentes, a família de Maria precisou se mudar para um bairro distante na mesma cidade e eles se distanciaram, compartilharam endereços, prometeram escrever um para o outro e, escondidinhos trocaram um último beijo, não gelado e sem gosto de milho e framboesa, as pernas de João tremeram, ele ficara sem jeito, o rosto ardia, mas, vindo de Maria tudo estava bom e por ela João aceitava qualquer coisa, até o ruborizar constrangido.

Durante o primeiro ano de separação João e Maria escreviam um para o outro, contando novidades, tristezas, medos, amizades novas e incertezas.

No segundo ano as cartas rarearam, João escrevia, mas poucas respostas recebia, com o tempo passando agora somente ele mandava notícias, e, dessa forma, ano após ano, sempre às vésperas do dia 11 de fevereiro, aniversário de Maria, ele lhe mandava um carinhoso cartão, alimentando no coração a esperança de uma resposta que nunca veio.

João, chamado insistentemente pela esposa para almoçar, lhe pede um pouco mais de tempo e, olhando pela janela de seu quarto, de onde avista o jardim de sua casa, todo gramado e florido, contempla o desabrochar das flores de suas árvores preferidas, o majestoso Pau-Brasil, um Jacarandá e o Ipê-Amarelo, além dos manacás, das onze-horas, das flores-de-maio e a dança dos graciosos bailarinos dos céus, os Beija-Flores, delicados, sutis, belos como Maria.

Nascido no Brasil, na cidade de Apucarana, estado do Paraná, em 07 de outubro de 1957.

Pai: Node de Barros  Mãe: Gilda Montilha de Barros

Graduado em Ciências Biológicas pela Universidade de Taubaté - UNITAU

Graduado em Biologia - Bacharelado pela Universidade de Taubaté - UNITAU

Especialização em Gerontologia pela Universidade do Vale do Paraíba - UNIVAP - São José dos Campos - SP

Mestre pelo Programa de Pósgraduação Interdisciplinar em Desenvolvimento Humano: Formação, Políticas e
Práticas Sociais da Universidade de Taubaté - SP.
Área de Concentração: Contextos, Práticas Sociais e Desenvolvimento Humano.

Tese de Mestrado: ASPECTOS DA CULTURA ORGANIZACIONAL E DO ENVELHECIMENTO EM SERVIDORES
PÚBLICOS DE UM INSTITUTO DE PESQUISAS

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