

Alexandre Rodrigues da Costa
Alexandre Rodrigues da Costa possui graduação em Letras pela UFMG (1997), mestrado em Letras pela UFMG, e doutorado em Letras pela UFMG.
1972-01-25 Belo Horizonte
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6
RÉQUIEM PARA DIANE ARBUS
I
A relevância do tema pouco importa?
Não sabe, não
pode dizer. Diante dos fatos,
evita se aproximar
de nós.
Poderíamos
chegar até ela, de forma
indireta,
provocar falsos silêncios,
até conseguir ver seu rosto
congelado numa última expressão.
Talvez alguém suponha
que somos indiferentes a ela,
porque fotografa,
sem se deixar ver, o que não existe,
de preferência,
paisagens projetadas na luz
que não é dela.
Mas não nos importamos.
Enquanto ela ignorar
o que revela,
evitaremos perguntar se os objetos
nesse espelho
podem estar mais
próximos do que parecem.
II
Há o excesso, paisagens mortas,
simuladas na presença de quem
não responde,
enfim, o tema prestes a revelar
o momento em que aqueles rostos
parecem imagens de si mesmos.
Confiante nos gestos que não
podia alcançar,
avessa ao que os espelhos trazem,
quando não se olha para eles,
talvez quisesse provar
que isso tudo era
apenas ameaça.
Ainda que alguém possa ser
imune à própria dor,
fotografava o que não permitia
manter distância
e se ajustava
ao equívoco, à existência ignorada
do que a encarava através do medo,
das coisas doentes demais,
estáveis demais.
“O importante é não piscar”,
dizia algumas vezes,
sem saber se há algo que nunca
aparece,
quando aprendemos a fazer isso.
A relevância do tema pouco importa?
Não sabe, não
pode dizer. Diante dos fatos,
evita se aproximar
de nós.
Poderíamos
chegar até ela, de forma
indireta,
provocar falsos silêncios,
até conseguir ver seu rosto
congelado numa última expressão.
Talvez alguém suponha
que somos indiferentes a ela,
porque fotografa,
sem se deixar ver, o que não existe,
de preferência,
paisagens projetadas na luz
que não é dela.
Mas não nos importamos.
Enquanto ela ignorar
o que revela,
evitaremos perguntar se os objetos
nesse espelho
podem estar mais
próximos do que parecem.
II
Há o excesso, paisagens mortas,
simuladas na presença de quem
não responde,
enfim, o tema prestes a revelar
o momento em que aqueles rostos
parecem imagens de si mesmos.
Confiante nos gestos que não
podia alcançar,
avessa ao que os espelhos trazem,
quando não se olha para eles,
talvez quisesse provar
que isso tudo era
apenas ameaça.
Ainda que alguém possa ser
imune à própria dor,
fotografava o que não permitia
manter distância
e se ajustava
ao equívoco, à existência ignorada
do que a encarava através do medo,
das coisas doentes demais,
estáveis demais.
“O importante é não piscar”,
dizia algumas vezes,
sem saber se há algo que nunca
aparece,
quando aprendemos a fazer isso.
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