

gabicarnavale
Gabriela Carnavale, 21 anos, estudante de Letras pela Universidade Estadual Paulista, amante da literatura e poetisa em busca do reconhecimento
1998-11-10
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OS RÉPTEIS
As costas estão leves
O peso se esvaiu
Os ombros são vazios
Mas isso não é bom;
Apenas indica
Que a arte da vida
Vazou pelos póros
Como um suor sorrateiro
A escorrer pela testa
Amigo, você bem sabe
Nós investimos muito na vida
Antes de decidir que não valia mais a pena
Vimos esperança nos esquifes tortos
Acreditamos na cura da doença que entristece
Entristece e enrijece os músculos do rosto
Até que esquecemos como é sorrir de novo
Avançamos no sinal vermelho
Porque sabíamos que não podíamos esperar
Provamos o gosto da natureza
Reconhecemos o cheiro das ervas
Só para termos certeza que não viram nada
E que no fim, apenas as cápsulas podem nos salvar
-Ou pelo menos adiar nosso fim-
Não há nada que se compare
Ao esforço de criar esse poema;
As mãos trepidando
Enquanto moldam estes versos
Que depois de prontos nos engolem
Feito um réptil a cruzar as águas em busca de carne
Os versos, meu amigo
São nós mesmos.
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