Para isso, artes superficiais

Do jardim de Baudelaire colhi as flores do mal.
Na morada de Byron vi todas as voluptas humanas.
Desviei das pedras de Drummond, embora tropeçasse
Vez ou outra.
Dos Anjos, veio-me o Eu podre e ignavo.

Que sou eu então? Construido a partir das obras de outrem.
Danem-se as flores de Baudelaire.
Danem-se as orgias byronianas.
Danem-se as pedras no caminho 
E que se dane Eu.

O artista, ao ser precedido de gigantes, sente-se pequeno
Sente que sua arte é copia 
Mas… é cópia?
Não é possível que outros homens colham flores
Que outros homens façam orgias e
Que outros homens vejam pedras em seu caminho?

Ao inferno com as comparações!
Minhas flores têm o mesmo perfume do mal
Minhas orgias têm a mesma volupta 
Minhas pedras são tão poéticas quanto
E meu Eu é podre como qualquer um

E nessa sina de originalidade vive o poeta
Todas as suas artes parecem artificiais
Droga! Mais uma de Baudelaire.
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