283 - ÁGUAS PASSADAS

Com tudo sempre me animava todo
Mas hoje passa a correnteza fria
Por baixo destas pontes em que via
Da vida acumular-se expesso lodo.

Há muito tempo com moinhos rodo,
Porém, nenhuma volta me extasia,
E, enquanto terras giram, a agonia
Eu passo tantas vezes deste modo.

Água passada, que me alaga logo
Revolta e turva, nunca mais deságua
Num mar de rosas onde não me jogo.

No fundo deste coração que gela,
Ou sou quem a tragou com dor e mágoa
Ou sou quem se afogou sozinho nela.

(Autor: EDEN SANTOS OLIVEIRA. Escrito em 23/08/2020)
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