

MARIA DE FATIMA FERREIRA RODRIGUES
Sou um ser humano em constante construção. Me sinto parte da natureza e a ela vinculada no sentido material e imaterial. Gosto de lidar com as palavras construindo e desconstruindo castelos. Portanto, escrevo como um exercício de compreensão de mim e do mundo.
1957-12-21 Farias Brito - Ceará
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Solidão
Se a solidão te abraça
nos dias mornos de outono
na primavera florida
e nas madrugadas de inverno
acolhe-a como a um poema
a uma flor
ou a um manto
nas voltas que a vida dá
Convide-a a ficar pertinho
aconchegue-a nos teus braços
com as dores e lembranças
tesouros tão bem guardados
que se escondem nos diários
nos sonhos e pesadelos
escutas a voz que a ti chega
nas voltas que a vida dá
Se ela te deixar insone
se te sentires contrito
não a retenha em si
divide-a como puder
no campo
em casa
ou nas urbes
nas voltas que a vida dá
Divide-a com os que virão
contigo dialogar
pois mesmo se a lua míngua
ou se ela brilha inteira
e até mesmo se os amantes
vagueiem quase a ermo
a solidão faz a curva
nas voltas que a vida dá
nos prados e nas montanhas
nos mares e continentes
nos ares e nas cavernas
no espaço cibernético
também nas almas cativas
onde se instala e penetra
ela se apoia e prossegue
nas voltas que a vida dá
Almas em desdita a atraem
que lucidez ela tem !
atrapalhar os amores?
seria mais que insano
por isso escolhe o que é próprio
Para poder indagar
sobre a vida e o ser
nas voltas que a vida dá
Mas se o teu coração sangra
se a falta te acompanha
se isso te interessa
o teu ato em si confessa
e a solidão vê a fundo
de modo que só a entende
quem com ela vaga incerto
nas voltas que a vida dá.
Autora: Fátima Rodrigues
João Pessoa, 07 de abril de 2020.
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