Mel de Carvalho
Pág. pesssoal
http://noitedemel.blogspot.com/
1961-01-23 V.F.Xira e/ou Peniche
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2
3
voz reflexiva
devolvo
o gesto repartido dos segundos e minutos
findos
em prenúncios evidentes de
vazio
dedilho o inesperado
a filologia do momento, refervo louros e cascas de alhos
em tons de prata no concavo bronze do caldeirão
de duas patas.
soam as castanholas
um passo doble, um tango argentino, uma sonata…
da parte medial do segmento melódico a voz já tomba
em forma átona
- pronuncio-me in acto póstumo:
belatriz
ninfa duvidosa “seda carmim, botão de rosa”
caminhante sem fim, borboleta errática,
de um estado de alma que se deseja ser
plena existência.
ágape serei da incerteza…
na hora (in)certa, no limiar do gesto
auspicioso gesto
em que tomo minha a fera pela ponta pontiaguda dos cornos
em que me encaixo na embocadura da testa alta da própria besta
e aperto braços por sobre queixada e mandíbula
e a espuma enraivecida escorre os cantos da boca
balanceio quadris ao vento forte
olho a arena num derradeiro vislumbre
exalto a fé
das multidões aficionadas “olé, olé..."
que de pé me aplaudem em palmas
em brados
em interjeições de aplauso: "bis, bis…"
a meus pés agora
a terra envinagrada na tentativa vã de não coalhar o sangue do futuro
o pouco que, incontaminado, me resta da virginal candura
do que fui. do que era…
anátema criatura sou, nesta manhã engano, se não me vejo reflexiva em mim!
em mim própria, toureira e fera...
a lareira crepita ainda.
acordo. que faço afinal aqui?...
o gesto repartido dos segundos e minutos
findos
em prenúncios evidentes de
vazio
dedilho o inesperado
a filologia do momento, refervo louros e cascas de alhos
em tons de prata no concavo bronze do caldeirão
de duas patas.
soam as castanholas
um passo doble, um tango argentino, uma sonata…
da parte medial do segmento melódico a voz já tomba
em forma átona
- pronuncio-me in acto póstumo:
belatriz
ninfa duvidosa “seda carmim, botão de rosa”
caminhante sem fim, borboleta errática,
de um estado de alma que se deseja ser
plena existência.
ágape serei da incerteza…
na hora (in)certa, no limiar do gesto
auspicioso gesto
em que tomo minha a fera pela ponta pontiaguda dos cornos
em que me encaixo na embocadura da testa alta da própria besta
e aperto braços por sobre queixada e mandíbula
e a espuma enraivecida escorre os cantos da boca
balanceio quadris ao vento forte
olho a arena num derradeiro vislumbre
exalto a fé
das multidões aficionadas “olé, olé..."
que de pé me aplaudem em palmas
em brados
em interjeições de aplauso: "bis, bis…"
a meus pés agora
a terra envinagrada na tentativa vã de não coalhar o sangue do futuro
o pouco que, incontaminado, me resta da virginal candura
do que fui. do que era…
anátema criatura sou, nesta manhã engano, se não me vejo reflexiva em mim!
em mim própria, toureira e fera...
a lareira crepita ainda.
acordo. que faço afinal aqui?...
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