José João Murtinheira Branco

1954-01-27 Vila Franca de Xira
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MÁGOAS – II

    Podes sair, fugir, correr

Mas não te podes esconder

Pintei o teu amor com

Labaredas de fogo

 

Enlaçando no meu peito,

As cores do teu querer

Escondido nos gestos

Desse sedutor jogo

Tapei esse teu corpo com,

As minhas mãos vazias

Procurando esse sonho,

Que te acalma e descansa

Nas águas alcalinas, que Deus te deu,

Misturei tinta de amor ardente,

Neste querer que não te alcança

 

Dardejando, palpitante perto

Sem queixume

É um desejar que não sabe

Que existe, ou como nasceu

É cair nos teus olhos negros,

Embriagado no teu perfume

É sentir o pulsar do teu corpo,

E beijar essa boca rosa de lume

 

Podes sair, fugir, correr,

Mas não te podes esconder

Onde habita o sonho e flui o sentimento

Encontram-se as amarras do teu querer,

Porque se eu te perder!

Quem é que abraça com força o meu corpo,

E entrelaça a minha mão,

Fundindo-se por entre acordos de um bolero.

Na penumbra do meu leito?

Quem é que me afaga, e alimenta a ilusão!

Quem é que me beija, e morde o peito?

 

Sem ti o sol morre de frio, e o mar se veste de luto

Matando este amor estranho, e devoluto,

Nascido em asas brancas, que tu me deste

Pena a pena vai caindo, pela mágoa que me fizeste

 

João Murty

 

 

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