MÁGOAS – II
Podes sair, fugir, correr
Mas não te podes esconder
Pintei o teu amor com
Labaredas de fogo
Enlaçando no meu peito,
As cores do teu querer
Escondido nos gestos
Desse sedutor jogo
Tapei esse teu corpo com,
As minhas mãos vazias
Procurando esse sonho,
Que te acalma e descansa
Nas águas alcalinas, que Deus te deu,
Misturei tinta de amor ardente,
Neste querer que não te alcança
Dardejando, palpitante perto
Sem queixume
É um desejar que não sabe
Que existe, ou como nasceu
É cair nos teus olhos negros,
Embriagado no teu perfume
É sentir o pulsar do teu corpo,
E beijar essa boca rosa de lume
Podes sair, fugir, correr,
Mas não te podes esconder
Onde habita o sonho e flui o sentimento
Encontram-se as amarras do teu querer,
Porque se eu te perder!
Quem é que abraça com força o meu
corpo,
E entrelaça a minha mão,
Fundindo-se por entre acordos de um bolero.
Na penumbra do meu leito?
Quem é que me afaga, e alimenta a ilusão!
Quem é que me beija, e morde o peito?
Sem ti o sol morre de frio, e o mar se veste de luto
Matando este amor estranho, e devoluto,
Nascido em asas brancas, que tu me deste
Pena a pena vai caindo, pela mágoa que me fizeste
João Murty
Escritas.org