Insônia e Realidade no Deserto

Não durmo nas madrugadas ao dirigir meu carro quebrado

E acometido por uma insônia sem fim,

Mas sou eu mesmo o motorista,

Que decide por úteis ou estranhos caminhos.

Sou o errante navegante pelo deserto.

Sou eu quem traça as rotas na imensidão árida,

E transforma em força a falha do mapa em mãos.

 

Afundo o pé no acelerador, às vezes freio,

Me forço a dirigir até os mais distantes oásis,

Muitas vezes chegando em infernos travestidos de paraísos.

Mas sou a poeira do deserto, resistindo a longa estrada.

Sou eu que luta pelo paraíso terral,

Alcançável apenas nas dunas brancas de Ednardo.

 

Na estada quase sem fim, a realidade é neutra,

A natureza em sua aridez nada mostra se é bom ou mal,

É indiferente, sem valores intrínsecos.

E correndo, percorrendo estradas, visitando paradas,

Os valores surgem das relações que estabeleço,

Amigos, afazeres, estranhos, idiotas.

Nas estradas poeirentas, entre ruínas e oásis,

Crio significado no vazio de um grande cenário,

Moldo a rodovia e suas curvas com minhas interações.

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