Claudio de Jesus

Claudio de Jesus

1971-06-24 Novo Hamburgo
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Aizinhos

 

Ah, meu amigo,

minhas dores

são sem sal

Não sabem o nome

da rosa

nem colhem as flores

do mal

 

São dorzinhas

pequeninhas,

imaginárias

reais,

sobem descem

pela espinha

queimando febres 

locais

 

Essas dores,

meu amigo,

tem caráter

intestinal

não enxergam

além do umbigo

nem acusam

o mal social

 

Bem quisera

as minhas dores

fossem mágoas

mais morais

que abraçassem

o mundo inteiro

me irmanassem

aos marginais

 

Ou quem dera

a dor, amigo,

não fosse

apenas carnal

e esta mera

dor de ouvido

me elevasse

ao celestial

 

Me dói tanto,

caro amigo,

doer dores

tão banais

essas penas

chinfrinzinhas

puramente

corporais

 

Tantas vezes

fantasio

sofrer moléstia 

abissal

ou tormento

tão pungente

que me turve

a luz da mente

e me ascenda

ao surreal!

 

Chega o dia, 

mano velho,

que algum achaque 

fatal

(talvez desgosto

mais sério)

me traga a cura

afinal

soprando o pó

do mistério

dessa indolência 

animal

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