Paulo Jorge

Paulo Jorge

A poesia fatalista e decadentista é um exemplo sublime da exaltação da morte em todo o seu esplendor, e desde sempre eu retiro satisfação pessoal deste saborear tétrico da vida.

1970-07-17 Lisboa
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Rapaziadas

Porque te deram consciência um dia,

Não seria para teres noção de ti mesmo,

Porque te encharcas de perfume,

O mau cheiro que exalas não alivia,

Porque olhas de soslaio tão pasmo,

Não tens a escola toda dos energúmenos.

Continuas a ver novelas baratas,

E a tua vida já vai no enésimo episódio,

Continuas a defecar nas matas,

Não o levas contigo por lhe teres ódio,

Continuas a cantar-lhes serenatas,

Não vês que já todos chegaram ao pódio.

Conduzes-te de carro até ao café,

Mas não vês da tua casa,

Que ainda não fizeram Drive in,

Levei-te comigo ao pontapé,

Fiz-te uma cova abrigada,

Acreditaste idiota ser o Holiday in.

LX, 19-3-2002

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