

Paulo Jorge
A poesia fatalista e decadentista é um exemplo sublime da exaltação da morte em todo o seu esplendor, e desde sempre eu retiro satisfação pessoal deste saborear tétrico da vida.
Rapaziadas
Porque
te deram consciência um dia,
Não
seria para teres noção de ti mesmo,
Porque
te encharcas de perfume,
O
mau cheiro que exalas não alivia,
Porque
olhas de soslaio tão pasmo,
Não
tens a escola toda dos energúmenos.
Continuas
a ver novelas baratas,
E
a tua vida já vai no enésimo episódio,
Continuas
a defecar nas matas,
Não
o levas contigo por lhe teres ódio,
Continuas
a cantar-lhes serenatas,
Não
vês que já todos chegaram ao pódio.
Conduzes-te
de carro até ao café,
Mas
não vês da tua casa,
Que
ainda não fizeram Drive in,
Levei-te
comigo ao pontapé,
Fiz-te
uma cova abrigada,
Acreditaste
idiota ser o Holiday in.
LX,
19-3-2002
Escritas.org