Mel de Carvalho

Mel de Carvalho

Pág. pesssoal
http://noitedemel.blogspot.com/

1961-01-23 V.F.Xira e/ou Peniche
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beijo de Crisfal


são duros agora o tempo embaciou
o espelho
onde me via
formosa e bela
e as searas há muito apodrecidas
nas raízes
na borda-d’água

aprumam-se distâncias
a linha corre
maquiavélica
esmaecendo o cinza da fuselagem.
de norte a sul
e seu inverso

inverto-me, ampulheta
de areia cauterizada

não existe tensão
nem o sal se inquieta em pousio de pele
apenas
sarças insistem num perecível rasgão …

são duros agora,
os meus olhos que atentam na baba calcinada
p’lo congelo - em baba de caracol

o beijo de Crisfal

e o momento exacto em pêndulo:
o longe
e o perto.

solto
uma valente gargalhada. pérfida, é de mim que rio,
e de mais nada.

um corvo sobe
e, num lapso em que a memória acorda d’amnésia branca,
recito aos sete ventos
um extracto excelso de poema

“Parado, o relógio mudo/Repete a imensa charada/– Sempre viva e já safada –
De que tudo é nada-nada,/Se o Nada não tem o Tudo.”
(1)

(1)José Régio, «Cântico Suspenso»
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