as palavras sem destino

Que alma as palavras terão
nos poemas que vejo sobre ti a pairar?
porque foi a procura tão em vão
se é ainda tanto o meu amar?!

Porque teimas em ver os desertos
nos gestos contidos da minha mão?
se para ti tenho os braços tão abertos
e bate forte o amor no meu coração!

Ouço gritos num canto chamamento
em ritual de posse e de se dar.
orfandade do ambíguo sentimento
que é um permanentemente buscar.

A melodia que nos iluminava os dias
num desejo de a terra abraçar
eram um sentir a tecer-nos poesias
despertadas em parto do teu olhar.

Que faço eu agora com as palavras ditas?
a que porto as hei-de fazer aportar?
vão solitárias e tão sem rumo as desditas
que outro destino não têm que o naufragar…

…e só tu, meu amor
só tu as poderás salvar!


leal maria (todos os direitos reservados)

lealparaquedista@sapo.pt
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