Carlos Eugênio Costa da Silva
- Graduado em Letras pela UCPel é professor de Literatura e Redação nas cidades de Pedro Osório, Canguçu, São Lourenço do Sul e Pelotas.
- No ano de 2006 destacou-se por ser um dos seis gaúchos que alcançou nota máxima na redação do ENEM.
- Servidor Municipal lotado no CAPS i - Centro de Atenção Psicossocial infantil – onde realiza as Oficinas Terapêuticas de Cultura Gaúcha e de Criação Literária.
- Recebeu em 2010 o título de “Cidadão Pelotense” outorgado pela Câmara de Vereadores pelo reconhecimento a sua divulgação do município de Pelotas em mais de 40 localidades através da arte poética, entre elas, Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro, Brasília e Uruguai.
- Figurando nas páginas de várias coletâneas literárias tem publicado os livros: Filho de um Combatente – Poemas; Só pra Falar em Saudade – Poemas e Conto; Simplicidade – Poemas e Conto; Literatura – Um resumo versejado facilita o aprendizado – Poemas didáticos.
ROMANCE DA LINHA FÉRREA
Foi na Estação Esperança
que tudo assim começou,
um olhar logo atiçou
aquele amor enrustido,
que nasceu, mas...desprovido
de sorte, razão ou ânsia,
pois grande era o amor
mas maior era a distância.
Quem diria que o destino
fosse assim tão malvado,
dois amores separados
mas sempre juntos andando.
Só de longe se olhando,
talvez pensando também:
- Que pena que o destino
fez-nos ser trilhos de trem.
Quem sabe na imensidão
do caminho percorrido
achemos algum sentido
para nos aproximar.
Quem sabe exista um lugar
onde tenhamos mais sorte,
pois dizem que o amor
une tudo quando é forte.
Vamos fazer nossa história
com sentimento profundo,
não quero mudar o mundo,
a engenharia, a ciência,
porém, com muita paciência
a vida que é tão bela,
vai coroar co'a união
nossa paixão paralela.
Se foram seguindo o rastro
do primeiro trem do dia,
raiou o sol com alegria
iluminando o casal.
A vontade era igual
e um para o outro a olhar
ficavam pensando alto:
- Nós vamos nos encontrar.
Ficavam olhando a paisagem
da serra aberta pra linha,
a vontade maior vinha
e corriam pra chegar:
- Nós vamos nos encontrar,
não importa aonde seja
pois nada é impossível
pra o que o coração deseja.
Admiravam os pássaros
voando em liberdade
e se olhavam com saudade
lado a lado a "contemplar":
- Um dia eu hei de voar
até perder o meu tino
e então vou pedir pra Deus
que mude o nosso destino.
Viram as verdes plantações
enchendo os campos da serra.
O arado rasgando a terra,
flores brotando do chão
e logo pensou então:
- Quando a gente se encontrar
vou colher a flor mais bela
pra poder te presentear.
Chegou a noite e a descrença
se apoderou do casal,
a tristeza foi geral
juntamente com o cansaço:
- Nunca terei teu abraço
por mais que viva a andar
pois o destino é tirano,
trilhos não vão se encontrar.
Há tanta gente no mundo
contra tudo revoltados
brigando qual desgraçados
em vez de viverem bem
e, a gente, trilhos de trem
com um sentimento tão belo
tinha que nascer sofrendo
com este espaço paralelo.
Não adianta, é o destino
criado pela engenharia
mas bem que ela podia...
Não, deixa assim, não tem jeito.
O mundo não é perfeito,
irmão briga com irmão
enquanto a gente padece
buscando a união.
Mesmo que a vida não mude
eu continuo te amando
e, mesmo não te encontrando
fico a te contemplar.
O mundo não vai mudar
mas eu te adoro meu bem
sentindo tua pulsação
na trepidação do trem.