FANTASMAS DE NEVE [Manoel Serrão]

Dei-te a carne e minh. ’alma!
Dei-te o resto e todo o meu passado!
Dual "intestina" espectro de egresso! Aqui 'stou em preto-e-branco à dessemelha das cãs que carrego!
Ó aqui 'stou entre sessões de espirros e um emaranhado de arquétipos eternos!
Aqui se me tens o "livre" do apeio mal fadado? Vês! Já 'stou envelhecido e mofado no meu desassesto de regresso!
E qu'eu aqui 'stou saco de ossos arriado por cima da morte. Ó falto, vês, que te rogo! Deixai qu'eles meus velhos carrascos, vivam como jovens d'utrora foram-me aliados no passado!
Ao passo, que de mim agora só temo do coração a unção, que descenso por sorte em vão não quer a morte. E sem que o exorte, só temo aquando todo meu viver o suporte!
Ó vês! Quão de resto se ali nada fora, e aqui nada sou!
Então ao que mais te presto, senão a lembrança do vento?
E o qu'inda mais na vida se me faz preciso? Qu'inda?
Se eu a vivi ou a sonhei? O que mais quereis, tempo?
Se há Deus, Eu e os meus Fantasmas de Neve na solidão
desse Templo!..
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