robsonceron

robsonceron

tentar-se poeta, tentar-se traduzir em letras.

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A flor e a seiva.

No terreno da esquina,
esgrima de
nome versus nome
de abastados senhores,
ela atravessou suas
veias tortas,
em um atado pensamento,
ateado pelo fogo
frio das tristezas.

A algazarra das crianças
- esperanças?-
fora calado, pelo som vazio
do gemido do desconhecido
nas suas impúberes
noites de desprazer.

Dizer adeus aos seus
primeiros desejos
adviera àquela moça
pálida (da alma e
da lâmpada fraca
da rua de seu ponto).
Menos um ponto, zero!

Seu corpo já não era corpo,
era tão somente componente
que se autossustentava
em uma engrenagem,
cuja correia de se romper
já se carpira.
E de onde a resistência
escondida à sua condição,
a impulsionava amar
a volúpia das peles,
enquanto um esquálido sorriso
se entreabria
na névoa de entorpecentes
que se seguia.

Preferia a noite:
A noite furtava os traços nítidos
e embaçava os (falsos)
sorrisos nos espelhos de
uma vitrine, de onde o melhor vestido
não cobria terça parte de sua agonia;
Dormia de dia.

Com seu pulso recortado,
abandonada pela última promessa,
quando seu rosto já não floria,
atravessou-se em derradeira rua,
aquecendo de sangue a pedra fria.

E sua mãe,
a reconhecendo no jornal,
de fel e tristeza,
chorou a notícia.

(de Corre o rio, remo!)


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