Carl R.S

Carl R.S

Atualmente cursando licenciatura em filosofia, desenvolve trabalho autoral transitando por alguns gêneros textuais, principalmente com foco na escrita experimental, . Suas principais experiências são no campo das artes visuais (artes plásticas, audío visual, exposição, contra regragem, cenografia).

1976-11-23 Aracaju-SE
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Misantropia


Ruina, ruína, você não vê? Nos ofuscantes olhos da noite, você não vê? Nos faróis...magros, magros...ossos descalcificados, magros, esquálidos. Esmagadura, ruína...Magros, ossos frágeis como... Frágeis como ossos de...Frágeis como...Frágeis porque são, nem poderiam deixar de ser! Esquálidos, vulneráveis como nós!!! Dente quebrando osso, dente quebrando dente, dente triturando osso, dente mastigando osso, osso mastigando língua, gente mastigando gente. Vagos no meio do trânsito, duas pernas e meia se somadas as que restavam, não mais que restos. Eram restos, menos da metade. Eram restos de pessoas...Farrapos, a pele? Apenas uma manta que recobria o osso, o osso nada mais! Ouço o som, o freio, o farol, a milha, a placa, o sinal...reta luz...restos de...Gente? Sim, gente! Restos de gente, de Farrapos de gente de osso de pele, de gente? Duas rodas faziam a cadeira girar, duas pernas geravam força para o movimento. Des-lo-ca-men-to, de gente, de ser, de espírito, de espírito, de ser, de gente, de alma? A alma? É gente? Dois mutilados no meio do trânsito trânsito-ri-a-men-te transitando no meio do transitório asfalto sobre o reflexo vermelho na fixa faixa amarela...sinal fechado. Gente passando, gente passando apressada, gente passando correndo na faixa, fixa faixa! Dois mutilados esmolando, esmerilhando o ser, ser? Não é...agora...não é...agora...quer...ser...já, não é, agora, apenas agora é, nas paralelas, nos paralelos...e... é, é , eram, eram transitórios entre as paralelas, entre os corredores...paralelos...simétricos, herméticos na vontade, herméticos, simétricos, simétrica linha, simétrico asfalto, simétrico movimento, simétrico no desejo simétrico, simétrico também eram os corpos mutilados, o da cadeira...cotó! A que empurrava a cadeira, cotó...na massa! Na massa de...gente? Frágil o osso na massa quase acéfala massa. Por fim! Sem fim...cotó! Cotó na massa, no corpo, na massa quase acéfala. Todos mutilados, dois mutilados, mutilados...mutilados em si! Mutilando-se todos os dias...todos mortos, vivos...mortos vivos, arrastam-se na vontade, arrastam-se...arrastando-se dia a dia...arrastando-se hora a hora, noite adentro , arrastando-se, arrastando-se, arrastando-se até a ? Na? Indiferença e Mortificação, vontade, desejo. Não sua vontade, não querer ser, ser, ser um ponto de interrogação vazio...nada! Tempo ! Ponto de interrogação sem? Ponto de exclamação! Haaaaaaaaaalívio! E agora? seguir na angústia da noite anterior? De hoje? Ponto de interrogação? O que houve, o que move, o que os movia? Vontade, vontade simétrica, desejos simétricos! O assombro, a angústia da noite anterior, a angústia da noite interior? Por fim, pôr fim ? Satisfeito...mais...satisfeito...mais...mais, por fim...mais....uma vez mais...mais...uma vez...mais, vazio! Ponto de exclamação...Ponto de interrogação!
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