A UM VELHO CORPO


Esquece “a rosa. Onde ela estiver”
oculta o mundo já renunciou, só
da melancolia da ave viverás,
(os teus livros, os teus mortos,
os teus gatos: a frágil extremidade
da herança) o resto são os talhes
de bruma que se abrem ao musgo:
a língua desabitada como dádiva.
Despreza-a, pois ela ofusca-te
da boca do sol, extermina-a pois,
a rosa de Provins, o segredo está
na unívoca nudez, na metáfora
que te aleita o pecado que irrompe
da paixão das musas em rosáceas
pétalas esvoaçantes, ouve, esquece-te
dela, “de nenhuma palavra
e nenhuma lembrança, prometes?”
.
in, Poemas en Punto de Hueso (2001-2017), Ianua, 2017
2040
0

Mais como isto



Quem Gosta

Quem Gosta

Seguidores