

mgenthbjpafa21
Gente entre gente, que não se pense que se sente o que outro sente, nem que se pressente para além do presente.
1965-05-01 Vitória, Porto
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Poema de um minuto
Poema de um minuto feito por mim
Quem se irrita de ser lento assim
Dando razão ao ritmo de Shenzhen
Pois nunca direi amém com ninguém
Que não respeite a produção do espírito
A ideação da razão de viver
Uma produção do muito querer
E admire os deuses como protuberância
Produto da voluntas da nossa ânsia
De transcendência, de sentido,
De um ser mais sofrido
Do irmão sempre ter rido.
De não encontrar carteiras na rua,
Da fundamental incoerência natural
Que começa por criar o bem e o mal
Eventualmente a genealogia da moral,
Uma razão para obedecer ao sem sentido
Do erigir de qualquer complexo normativo
Lex humana, Lex divina, antes da afronta.
Ateu coerente que vê a utilidade dum deus presente,
Não se esconde atrás da sua certeza,
Cego para a realidade de que o ateísmo
É menos útil do que um reinventar de deus,
E que o fundamentalismo deriva duma carência
Exacerbada pela raiva de se saber na crença errada.
O pior deus é o materialismo post moderno
A insidiosa ideia colaborativa é monetarização
Exploração da natureza competitiva
Que trazemos insita no codex da vida
Nessa hélice helicoidal que se tem por banal
Na venda da nossa essência às ulteriores
Obrigações face às futuras gerações
Da passagem do testemunho, S João em Junho,
Tradição restaurada, identidade renovada, a mão em punho,
Andar em frente é progresso, a chave do sucesso,
Pendência é abusar da nossa paciência na indolência,
Que todavia quer comprar agora e fruir dentro de uma hora,
Logística, codificar ao microsegundo, modificar o mundo.
Então da escravidão paralela, uns perdidos,
Outros numa vida bela, passamos para a sucessiva
Todos somos escravos duma para outra vida
Filhos, netos, responsabilidade social., infernal não banal...
Recompensa é viver a vida numa incessante corrida.
Aumentar o rendimento em nosso próprio provento.
O vento do rendimento o desprezo da Indolência,
A vergonha da insolvência, da resistência, uma presciência...
À verdade da vidente sociedade,
Aprovada demonstrada testada.
As sociedades ocidentais infiltram o oriente,
While os think tanks cogitam o pensamento.
Enquanto a taxa do bem estar é um valor ascendente
Mesmo admitindo tudo o que está errado
O globo continua amarrado a uma crença
Cada vez mais subliminal e menos natural
E patentemente bem, bem sucedida,
Como prova a nossa vida nem divertida.
Invocamos os caçadores da savana para capitalizar o Gana,
Construímos a estrada da seda e nasce o Make Use Of,
Como em Portugal se investe em capital intelectual ,
Capitalização da instrução condition sine qua non.
O Benelux é um portento de saúde em rendimento.
A força irresistível da totalidade,
A beleza é a fé na verdade
A crença na humanidade
A ribalta cosmopolita da cidade,
Evolução sem poluição, sustentabilidade.
Desmaterializado o vil metal
Não se sabe qual a causa do mal
A prova de esforço ou de envolvimento,
Perpétua a inevitabilidade do movimento,
Porque parar é morrer, andar para falecer.
Pergunto muito humildemente;
É só por estar doente de solidão
Sem ninguém que me dê a mão
Que uma profunda emoção de inquietude
Se instala em mim como uma certitude?
Por ter derrubado a parede e poder ver para fora,
Para além deste perfeito conforto agora,
E saber que a tal descontinuidade é só meia verdade...
Assim calmo e confiante de que realmente,
Nunca tanta gente esteve tão pouco doente,
Na certeza de uma incerteza insita na natureza.
Não aceito responsabilidade pelo futuro da humanidade
E acredito que essa é a condição essencial da minha utilidade.
Aceitar tudo, compreender, incapaz de fazer
Há-de haver uma razão de ser,
Que evidente pode ser apenas nada
E, assim sendo, ser o motor da manada
Enquanto isso vivo as vidas ficcionadas
Habito realidades alteradas
Visito mundos paralelos
Impávido face ao legado de folículos que crescem
Atento aqui, alheio em geral,
Ausente da natureza natural.
E suspiro ao saber que este minuto de relatividade
Durou para outros toda uma eternidade.
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