A Torre
Caminho pela rua que acompanha a curva do rio e avisto a torre. O sino que toca lá no alto uma melodia desconhecida, desvia minha atenção da música que embala meu exercício vespertino.
Sinto uma leve angústia enquanto ouço as badaladas e penso que em breve não mais verei a torre ou escutarei o sino. Entristeço
Tudo no meu presente me faz feliz.
A cidade
A companhia
O sorvete
O banco da praça
O mercado
O caminho
As amoras
A cama no sótão
A viagem
O trem
A igreja
A torre
O sino
...
Quero que o tempo pare agora. Quero que essa tristeza vá embora. Quero esse tempo assim, simples, sincero, aventureiro, feliz.
Mas ele é passageiro, eu sei. Como o cheiro, o beijo, como a rua que acompanha a curva do rio, como as badaladas do sino, como a vida.
Quem vai embora sou eu.
Passo pela torre e continuo meu caminho, mas ela fica, fica com um pedacinho da minha alma que já pertence ao som do sino.
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