Sílvio Romero

Sílvio Romero

Sílvio Vasconcelos da Silveira Ramos Romero foi um advogado, jornalista, crítico literário, ensaísta, poeta, historiador, filósofo, cientista político, sociólogo, escritor, professor e político brasileiro.

1851-04-21 Vila do Lagarto, Sergipe, Brasil
1914-06-18 Rio de Janeiro, Brasil
71084
1
27


Prémios e Movimentos

Romantismo

Alguns Poemas

II - A Mancha Negra

(A ESCRAVIDÃO)

A natureza ainda aqui sorria virgem!
Havia pouco então que, em festival vertigem,
O nosso mar sulcara a frota de Cabral.
Trazido pelo vento em doido temporal,
O velho navegante, escapou às duras vagas.
O Éden do futuro achara em nossas plagas.

Ainda nesse tempo o vasto céu tranquilo
As selvas espelhava enormes, colossais.
Do mar os turbilhões, dos ventos o sibilo,
Da catadupa o som, da linfa os ternos ais
Passavam como o canto inebriante e vivo
Do gênio do Brasil. Ainda em sólio divo
A Mãe d'água morena as tranças penteava,
Aos cheiros da baunilha; a fonte acompanhava.

As queixas da cabocla, amante que chorosa
Do seu guerreiro ausente as mágoas lhe dizia.
A terra os seios nus não tinha pesarosa
Deixado retalhar à clara luz do dia.

E tudo era brilhante. Os troncos seculares,
Beijados pelo vento, agitando os cocares,
Ouviam deslizar, os rios namorados,
Qu'estendiam além os corpos prateados...
O selvagem valente o arco destendia,
E a seta ia certeira ao dorso do tapir;
A liberdade brusca, indômita, erradia,
Criou asas também; sabia então subir!

Soava pelo espaço o alegre ditirambo
Cantado pela flor e as virgens cor de jambo,
Cantado pelo azul e pelas ventanias...
O rio, a vastidão, a mata, os descampados,
Sabiam modular as fortes melodias
Em coros festivais, em hinos alternados.
De tudo irradiava a vida, as turbulências
Do virginal sentir; miríficas essências
Trescalavam do val aos seios das donzelas.
Em sono de leão dormia o Amazonas,
Esperando Orelana; ao sol de nossas zonas,
Guerreiro sem rival, sonhava fortes lutas...
Aos roncos do jaguar, oculto pelas grutas,
Bradava o pororoca em seu pavor profundo.

Pois bem! Neste país, aqui no Novo Mundo,
Aqui, onde o que brota e cresce e luta e aspira,
Alenta o próprio ser do sol na imensa pira;
Aqui, onde o viver é fitar as alturas,
Onde não há baixeza e não se vêem planuras;
A sórdida cobiça, adiantando o braço,
De negro quis trajar a luz de nosso espaço;
A pérfida avareza alevantando a mão,
De luto nos vestiu da cor da... Escravidão!


Poema integrante da série Os Palmares.

In: ROMERO, Sílvio. Últimos harpejos: fragmentos poéticos. Pelotas: Carlos Pinto, 1883

A Moura

(Pernambuco)

Estava a moura
Em seu lugar,
Foi a mosca
Lhe fazer mal;
A mosca na moura,
A moura fiava;
Coitada da moura,
Que tudo a ia
Inquietar!

Estava a mosca
Em seu lugar,
Foi a aranha
Lhe fazer mal;
A aranha na mosca,
A mosca na moura,
A moura fiava,
Coitada da moura,
Que tudo a ia
Inquietar!

Estava a aranha
Em seu lugar,
Foi o rato
Lhe fazer mal;
O rato na aranha,
A aranha na mosca,
A mosca na moura,
A moura fiava;
Coitada da moura,
Que tudo a ia
Inquietar!

Estava o rato
Em seu lugar,
Foi o gato
Lhe fazer mal;
O gato no rato,
O rato na aranha,
A aranha na mosca,
A mosca na moura,
A moura fiava;
Coitada da moura,
Que tudo a ia,
Inquietar!

Estava o gato
Em seu lugar,
Foi o cachorro
Lhe fazer mal;
O cachorro no gato,
O gato no rato,
O rato na aranha,
A aranha na mosca,
A mosca na moura,
A moura fiava;
Coitada da moura,
Que tudo a ia
Inquietar!

Estava o cachorro
Em seu lugar,
Foi o pau
Lhe fazer mal;
O pau no cachorro,
O cachorro no gato,
O gato no rato,
O rato na aranha,
A aranha na mosca,
A mosca na moura,
A moura fiava;
Coitada da moura,
Que tudo a ia
Inquietar!

Estava o pau
No seu lugar,
Foi o fogo
Lhe fazer mal;
O fogo no pau,
O pau no cachorro,
O cachorro no gato,
O gato no rato,
O rato na aranha,
A aranha na mosca,
A mosca na moura,
A moura fiava;
Coitada da moura,
Que tudo a ia
Inquietar!

Estava o fogo
Em seu lugar,
Foi a água
Lhe fazer mal;
A água no fogo,
O fogo no pau,
O pau no cachorro,
O cachorro no gato,
O gato no rato,
O rato na aranha,
A aranha na mosca,
A mosca na moura,
A moura fiava;
Coitada da moura,
Que tudo a ia
Inquietar!

Estava a água
Em seu lugar,
Foi o boi
Lhe fazer mal;
O boi na água,
A água no fogo,
O fogo no pau,
O pau no cachorro,
O cachorro no gato,
O gato no rato,
O rato na aranha,
A aranha na mosca,
A mosca na moura,
A moura fiava;
Coitada da moura,
Que tudo a ia
Inquietar!

Estava o boi
Em seu lugar
Foi a faca
Lhe fazer mal;
A faca no boi,
O boi na água,
A água no fogo,
O fogo no pau,
O pau no cachorro,
O cachorro no gato,
O gato no rato,
O rato na aranha,
A aranha na mosca,
A mosca na moura,
A moura fiava;
Coitada da moura,
Que tudo a ia
Inquietar!

Estava a faca
Em seu lugar,
Foi o homem
Lhe fazer mal;
O homem na faca,
A faca no boi,
O boi na água,
A água no fogo,
O fogo no pau,
O pau no cachorro,
O cachorro no gato,
O gato no rato,
O rato na aranha,
A aranha na mosca,
A mosca na moura,
A moura fiava;
Coitada da moura,
Que tudo a ia
Inquietar!

Estava o homem
Em seu lugar,
Foi a morte
Lhe fazer mal;
A morte no homem,
O homem na faca,
A faca no boi,
O boi na água,
A água no fogo,
O fogo no pau,
O pau no cachorro,
O cachorro no gato,
O gato no rato,
O rato na aranha,
A aranha na mosca,
A mosca na moura,
A moura fiava;
Coitada da moura,
Que tudo a ia
Inquietar!


In: ROMERO, Sílvio. Folclore brasileiro: cantos populares do Brasil. Pref. Luís da Câmara Cascudo. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: Edusp, 1985. p.86-88. (Reconquista do Brasil. Nova série, 86

X - A Serpe

I

Passa, meu condenado, a tarde é linda,
O céu é pensativo; para ver-te
Ei-lo que se ilumina; quer fazer-te
Um sinal como atento; mas por quê?
É que dás um exemplo majestoso
De galé resignado, indiferente
Às auras, que te embalam docemente,
E à nuvem, que é vaidosa, e que o não crê.

Passa, meu condenado; a moita é fresca.
Copada e perfumosa; vai, te esconde
Pois, já que tudo exulta, lá por onde
A flor agreste oculta se retrai.
O mundo folga e ri-se... é magnífico!
Mas tu sereno, impávido te mostras;
Nunca desces, medroso, nem te prostras...
Estupendo parece quem não cai!

Oculta lá na treva escura e densa
A serpe cala as queixas, e proscrita,
Tranquila, esquece a cólera, que agita
Muita rábida insânia do furor.
Vê por entre a folhage', a imensidade;
Estupefata tem ímpetos de amá-la...
Tão pequena que é!... mas como exala
Tanta desgraça cheia de fulgor!

Gosta da luz, mas compreende a sombra.
Da altivez é fanática; desdenha
A fera, que arrogante se desenha
A seus olhos, frenética de si.
Miserável, que sofre a exuberância
Da desdita cruel; mas não ostenta
Mentida superfluidade opulenta
Lá de íntimo sossego... Por aí —

Pela selva sombria odeia o pássaro,
O frívolo que canta e não medita,
E a flor que se intumesce, e que se agita
A cada rir do vento que passou.
Ignóbil, parece uma blasfêmia
Da natureza enraivada, a ironia
Que a terra arroja aos céus! E quem diria
Que fel de gênio atroz a formulou?!

(...)


Poema integrante da série Parte Segunda: A Natureza.

In: ROMERO, Sílvio. Cantos do fim do século, 1869/1873. Rio de Janeiro: Tip. Fluminense, 1878
Silvio Romero (Vila do Lagarto SE, 1851 - Rio de Janeiro RJ, 1914) cursou a Faculdade de Direito em Recife PE, entre 1868 e 1873. Estreou na imprensa recifense com a monografia A Poesia Contemporânea e a Sua Intuição Naturalista, em 1869. Na década de 1870 colaborou, como crítico literário, em vários periódicos pernambucanos e cariocas. Foi eleito deputado provincial em 1875, em Estância SE. Publicou seu primeiro livro de poesia, Cantos do Fim do Século, 1869/1873, em 1878. Mudou-se para o Rio de Janeiro RJ em 1879 e lecionou Filosofia no Colégio Pedro II entre 1881 e 1910. Em 1883 viajou para Lisboa (Portugal) para fazer a publicidade de seu livro Cantos Populares do Brasil; segundo Luis da Câmara Cascudo, o livro foi "o primeiro documentário da literatura oral brasileira". Em 1891 tornou-se redator do Diário de Notícias, dirigido por Rui Barbosa, para o qual produziu artigos sobre ensino. No mesmo ano, foi nomeado membro do Conselho de Instrução Superior por Benjamim Constant. Foi um dos membros-fundadores da Academia Brasileira de Letras, em 1897. Entre 1900 e 1902 foi deputado federal pelo Partido Republicano, trabalhando como relator-geral da comissão encarregada de rever o Código Civil. Sua obra poética inclui Últimos Harpejos (1883) e Folclore Brasileiro (1897). Sílvio Romero foi um dos grandes críticos literários do século XIX. Sua poesia vincula-se à terceira geração do Romantismo, influenciada pela obra de Victor Hugo. Sobre ela escreveu Machado de Assis: "pertenceu o Sr. Romero ao movimento hugoísta, iniciado no Norte e propagado ao Sul, há alguns anos; movimento a que este escritor atribui uma importância infinitamente superior à realidade. Entretanto, não se lhe distinguem os versos pelos característicos da escola, se escola lhe pudéssemos chamar; pertenceu a ela antes pela pessoa do que pelo estilo.".
-
TODOS OS 23 GOLS DE SILVIO ROMERO PELO FORTALEZA
Todos los GOLES de SILVIO ROMERO en #Independiente
Silvio Romero, nuevo refuerzo de Instituto
Todos los goles de Silvio Romero con la camiseta de Instituto
⚽ SILVIO ROMERO ▶ GOALS & SKILLS, AMAZING SKILLS ⚽💥
TODOS LOS GOLES de SILVIO ROMERO en INDEPENDIENTE | 2018 - 2022
Los 25 Goles De Silvio〝El Chino〞Romero Con El America
SILVIO ROMERO VOLVIÓ AL GOL Y FORTALEZA LE GANÓ AL VASCO | FOR 2X0 VAS #Brasileirao
Silvio Romero en su vuelta a Instituto para 2024: “Era el momento indicado” | Mundo D
La HISTORIA de SILVIO ROMERO, de CASI DEJAR el FUTBOL a POSIBLE REFUERZO de BOCA
🔝 LOS 10 MEJORES GOLES DE SILVIO ROMERO EN #INDEPENDIENTE
COMO JOGA SILVIO ROMERO | O 9 DO FORTALEZA DE VOJVODA | ANÁLISE TÁTICA
DAY 1 | SILVIO ROMERO | TV LEÃO
OBRIGADO, SILVIO ROMERO | TV LEÃO
Cuando Silvio Romero era uno de los Mejores Jugadores del Fútbol Argentino - 2014
RETO DE LOS 90 SEGUNDOS: SILVIO ROMERO (VERSIÓN FÚTBOL)
“Volví”: el emotivo video de Instituto para confirmar a Chino Romero
Silvio Romero | Todos los goles en #Independiente
Todos los goles de Silvio Romero en Independiente | 2018 - 2020 HD
💣NOVEDADES con respecto a SILVIO ROMERO y su préstamo al Fortaleza de Brasil
Dobrado Silvio Romero
COMIDA DE RUA NA PRAÇA SILVIO ROMERO | ROLÊ BARATO CASAL NASCIMENTO
Sueño de amor -video oficial-Silvio Romero -
Gol de Silvio Romero | América 1-0 Querétaro
Gol Silvio Romero - Fortaleza 2 X 0 Vasco da Gama - Brasileirão Série A 2023
Dobrado Silvio Romero
LA VI BAJAR POR EL RIO-SILVIO ROMERO-LA RIOJA
X-TUDO NA PRAÇA SILVIO ROMERO | COMIDA DE RUA
Dobrado Silvio Romero - José Machado
"O CEARÁ VAI CONTRATAR O SILVIO ROMERO?", CEARÁ INICIA REFORMULAÇÃO PARA 2024 E TREM BALA COMENTA
🍆 SILVIO ROMERO FÚTBOL ERÓTICO | Central 1 - 2 Independiente [Torneo Socios.com]
Concepções Literárias e Historiográficas de Sílvio Romero à Luz do Cientificismo do Séc XIX- Parte 1
Zamba de Amor en vuelo-Silvio Romero & Matias Vatin
Sílvio Romero, escritor brasileiro
DE PRIMA! Os gols de primeira de Chino Romero pelo Fortaleza
El día que WANCHOPE ABILA tuvo que defender de la BARRA DE INSTITUTO al CHINO ROMERO | Libero VS
GOLES SILVIO ROMERO
Quem foi Silvio Romero?
Silvio Romero: Refuerzo Americanista
Entrevista a Silvio "Chino" Romero por Matías Barzola | Ciclo A lo Barzola | Episodio 5
Fim de mês: Batata da praça Silvio Romero
Silvio Romero ● Goals ● Independiente ● 2019/2020
Cero Panenkas: Silvio Romero aseguró su cobro e hizo el 1-1 de América a Potros UAEM
“LO MÁS DIFÍCIL ES ILUSIONARME CON QUE ME HIJO HABLE O CAMINE" I LÍBERO VS. SILVIO ROMERO
#SacaDelMedio - 05/01/2024 - ENTREVISTA A SILVIO ROMERO - POR RADIO CONTINENTAL
ENTRE EL CIELO VOS Y YO-SILVIO ROMERO-LA RIOJA
Escrevendo o Brasil | Sílvio Romero por Rodrigo Turim Unirio
🚨 MAIS 2 JOGADORES CONTRATADOS HOJE | SÍLVIO ROMERO SURPREENDE A TODOS! CEARÁ DESMENTE GLOBO ESPORTE
COMIDAS DE RUA NA ZONA LESTE DE SÃO PAULO - PRAÇA SILVIO ROMERO, TATUAPÉ, SP
Silvio Romero "A Racing me lo...."
GILBERTA MARIA
PARABÉS PARA SÍLVIO VASCONCELOS...RIQUISSIMO DEIXOU UM MONSTRUOSO LEGADO..GRATIDÃO.
16/junho/2021
`felipe neto
nossa ajudou muito parabens [3
24/maio/2018
mkuftu
ameiiii kfjkldnviruvklcn
23/maio/2018
vinicius luis
ajudou bastante valeu!!!!!!!!!!!!!
23/março/2016

Quem Gosta

Seguidores