Reinvenção

Abrir-se
ao mundo
envolto nas palavras que calamos
percorrer caminhos,
antes recusados

Subir aos montes,
saborear o gosto da brisa
que quase uiva…

sobram dias de ruído
a confusão da Babel,
o vazio, o repetido
e a náusea permanente
de tudo ser sempre igual

Ah! pudesse eu regressar ali
onde tudo aconteceu
pela primeira vez…
pudesse eu entrar, lenta e docemente,
nas palavras ditas
que surgem à luz do primeiro brilho,
na génese do absoluto sentido.

Reinventar o vocabulário
como se rasga um caminho
a cada sílaba,
a cada nota,
a cada timbre,

E ante o inusitado pulsar
que nos assalta e acorda,
ver o novo onde o igual
ainda ontem surgia
naquele mesmo lugar.

Com as palavras, uma a uma,
refazer o mundo,
desvendar o centro de cada coisa que é
no instante urgente
em que o sentido grava,
indelevelmente
as marcas do ser.

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