Carl R.S

Carl R.S

Atualmente cursando licenciatura em filosofia, desenvolve trabalho autoral transitando por alguns gêneros textuais, principalmente com foco na escrita experimental, . Suas principais experiências são no campo das artes visuais (artes plásticas, audío visual, exposição, contra regragem, cenografia).

1976-11-23 Aracaju-SE
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Alguns Poemas

Aparição a beira mar (da sessão dos fantasmas)



Talvez vá a praia

Leve meu casaco

Sente a beira da areia

e imerso a escuridão alí fique.

 
Talvez vá. E escura a mirar o pélago

não saiba os limites entre mar e terra.

Apenas o uno a ligar o universo de estrelas

pontilhando de azul a escuridão, o sem fm.

 
Talvez sinta o gosto das gotículas da marola,

e o abraço do vento robusto grave a soprar

o som das incansáveis ondas arrolando sob si.

Inquietas, constantes, contínuas, tocando-me os pés cada vez mais.

 
Quem sabe a veja imergir das águas

em fanéia o único bem da minha vida.

As mãos, o corpo, o tato úmido

e o gosto de sal e areia a boca.

 
Quem sabe a veja esvoar bela, os cabelos negros

ornados em grinaldas de conchas,

iluminando a densa lua

a esguia silhueta.

 
Talvez a veja brincar junto a água

Prateada, urdindo o prisma a delicada luz

a atravessar-lhe a cortina delgada a veste.

Límpida, translúcida excelsa e pura.

 
Quente de desejo e mistério a seduzir-me,

o coração vivo a mim luminoso pulsa,

tomando-me de amalgama

o enlace em mim lança o mar e ao mar.

 
Sedento do arrastre, as ondas

furiosas em ordem a Talassa, tragam-me

ao fundo vertiginoso a voragem do mar,

as sedutoras imagens espectrais em corpo aquoso.

 
Violentas e intensas, engolem meu corpo em algaravia

perdendo-se ao açoite das águas pra não mais voltar.

Lançam-me perdido ao abissal, pra não mais voltar.

 
Então satisfeitas, acalmam-se as nuvens

abre-se o sol, serenam os ventos

e voltam as marolas lentas e tediosas

do enganoso estado calmo do mar   

 
(P. S. Há um grande cansaço em explicar o mar. L.A.).

 

 

Alegoria marítima (da sessão dos fantasmas)



É noite! Espero tranquilizar-me de ti, e do tanto mirar o esteio doido do pensamento a flutuar incerto esse caixote de osso feito. Perturbou-se o meu ser o mal gênio interior, e me veio de assalto o sonho, qual salteadores na obscura ramada se perdem na escuridão. Não! Sobressaltei-me de pavor! A minha frente o imponderável a atormentar, a assombrar a madrugada. Vai o espirito congelado de horror...O grito. Não! E me responde ‒ Eis-me aqui! Nada me tem a alma ‒ digo intranquilo ao meu perplexo interior.

Então de onde vem? Nada mais me tem! ‒ Penso eu ‒ quando súbito a soleira estou novamente a mirar do pórtico as figuras selvagens, a fugirem e a me atravessar. São elas que deitam trincheiras impedindo-me o retorno, perdeu-se Orfeu no meio caminho. Ficai! Ecoava a voz. Ficai nas intensidades nossas, Ficai ao que enlouquece o que antes é lucido. E de demência e delírio a criar mundos neste caixote de osso e carne, estica-se qualquer linha horizontal a compor o azul...

...Nuvens, sois, vento e mar , albatrozes, mar e terra, delfins e outras vidas marinhas a orla do meu pensar estendem-se sob minha alegoria. Vem a mim a reflexão arrolando em pequenas ondas a beira mar. Os pensamentos a minha frente tomam forma nas espumas da praia, desmanchando-se rapidamente. Um delírio, fruto da imaginação, penso eu! Não é nada!

Nesse instante o lapso! A desgraça de Ulisses e a paixão que faz vítreo os olhos dos argonautas cegando-lhe a terra a vista, a rebentar a onda o inconsciente ao rochedo a bravia costa. Me diz a voz. Aos que ensurdecem ao canto uníssono, vai a deriva a porta no meio do mar, vai se afastando aberta melancólica e inalcançável a passagem. Restam-lhe apenas o rochedo e o continuum cântico da sereias.

Antes lutavam contra o açoite das ondas e a canção do mar, agora entregam-se mortificados. Não resistem, cansam-se fatigados e náufrago do corpo e alma, de mar e terra, de terra e mar, e se lançam as trevas abissais das águas, e corroem-se em saber impossível o retorno. Canta sua ode o condenado.

‒Entrega-me o que é de direito. Dá-me pelo menos o cadáver, e deixa-me os ossos para que possa enterrá-lo em terra, pois não vai este ao mundo dos espíritos, das águas ou do onírico. Não tome-me por completo! Devolve-me as águas meu corpo a praia, de volta a melancolia dos trópicos. Afoga-me de uma vez, e deixa que os que me esperam, possam deitar água e sal sobre mim.
 

Ecos do sem corpo



De fato! Há mudança com a contingência das coisas.

Como poderia eu aprisionar o tempo

Ou determinar o ser de alguma forma, ou a forma de algum ser?

Se eu mesmo em minha instabilidade

Já não sou mais o que pensara antes.

 
Acordo e já não sou!

Nem corpo, nem mente.

Nada mais que a voz que fala em mim.

Que ecoa em mim, eco entre paredes.

Pensamentos presos em uma caixa de ossos.

Vão-se até sumir!

 
Então novamente vem o indizível

e reaparece do nada movido por não sei o que.

Tanta gente dentro da gente

No entanto estou só!

 
Vazio, oco, oco no cântaro

e a cinza fria que antes existira já não é!

É soprada para fresta do tempo,

esse espectro que inexiste,

O esquecimento. E a memória já não vem.

 
Tento retê-la, ancorá-la a imagem

como noção de existência.

Faço por medo de me perder.

Tenho um passado?

Quero existir, fixar a mim mesmo

mas existo antes, e já não sou.

 
Então...passo continuum!

E já fui engolido novamente

Já não sou, nem serei

Nem passado, nem passagem

Cronos a engolir, a me devorar.

 
As imagens que pincei?

Devoradas, perdidas!

Nada mais que estática e ausência.

 
Nisso a tentativa desesperada

de alcançar um horizonte cada vez mais distante

e a angustia a observar o absurdo de

cada construção humana. A mim, a todos!

 
Cada corpo, um emblema

cada gesto, um símbolo

cada pessoa multiplicada um hábito

cada simulacro um limite

 
cada caricatura uma intenção

cada persona, uma composição

cada retalho de gente uma incerteza.

E do desespero, cada espantalho que pensa ser.

 
Então...deslocado de alguma coisa

que penso me conter, e que a toda hora me ultrapassa

vejo que o corpo já não me suporta. Me subtraio ao averso.

 
Canta a ode na utopia do EU

e dança sob mim a múltipla existência

dança Dionísio sobre o túmulo do ocidente

dança como num louco bacanal

Me deseja sono, e diz...descansa em paz!

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Misantropia


Ruina, ruína, você não vê? Nos ofuscantes olhos da noite, você não vê? Nos faróis...magros, magros...ossos descalcificados, magros, esquálidos. Esmagadura, ruína...Magros, ossos frágeis como... Frágeis como ossos de...Frágeis como...Frágeis porque são, nem poderiam deixar de ser! Esquálidos, vulneráveis como nós!!! Dente quebrando osso, dente quebrando dente, dente triturando osso, dente mastigando osso, osso mastigando língua, gente mastigando gente. Vagos no meio do trânsito, duas pernas e meia se somadas as que restavam, não mais que restos. Eram restos, menos da metade. Eram restos de pessoas...Farrapos, a pele? Apenas uma manta que recobria o osso, o osso nada mais! Ouço o som, o freio, o farol, a milha, a placa, o sinal...reta luz...restos de...Gente? Sim, gente! Restos de gente, de Farrapos de gente de osso de pele, de gente? Duas rodas faziam a cadeira girar, duas pernas geravam força para o movimento. Des-lo-ca-men-to, de gente, de ser, de espírito, de espírito, de ser, de gente, de alma? A alma? É gente? Dois mutilados no meio do trânsito trânsito-ri-a-men-te transitando no meio do transitório asfalto sobre o reflexo vermelho na fixa faixa amarela...sinal fechado. Gente passando, gente passando apressada, gente passando correndo na faixa, fixa faixa! Dois mutilados esmolando, esmerilhando o ser, ser? Não é...agora...não é...agora...quer...ser...já, não é, agora, apenas agora é, nas paralelas, nos paralelos...e... é, é , eram, eram transitórios entre as paralelas, entre os corredores...paralelos...simétricos, herméticos na vontade, herméticos, simétricos, simétrica linha, simétrico asfalto, simétrico movimento, simétrico no desejo simétrico, simétrico também eram os corpos mutilados, o da cadeira...cotó! A que empurrava a cadeira, cotó...na massa! Na massa de...gente? Frágil o osso na massa quase acéfala massa. Por fim! Sem fim...cotó! Cotó na massa, no corpo, na massa quase acéfala. Todos mutilados, dois mutilados, mutilados...mutilados em si! Mutilando-se todos os dias...todos mortos, vivos...mortos vivos, arrastam-se na vontade, arrastam-se...arrastando-se dia a dia...arrastando-se hora a hora, noite adentro , arrastando-se, arrastando-se, arrastando-se até a ? Na? Indiferença e Mortificação, vontade, desejo. Não sua vontade, não querer ser, ser, ser um ponto de interrogação vazio...nada! Tempo ! Ponto de interrogação sem? Ponto de exclamação! Haaaaaaaaaalívio! E agora? seguir na angústia da noite anterior? De hoje? Ponto de interrogação? O que houve, o que move, o que os movia? Vontade, vontade simétrica, desejos simétricos! O assombro, a angústia da noite anterior, a angústia da noite interior? Por fim, pôr fim ? Satisfeito...mais...satisfeito...mais...mais, por fim...mais....uma vez mais...mais...uma vez...mais, vazio! Ponto de exclamação...Ponto de interrogação!
Inicia seus trabalhos 

2007 contra regra "As aventuras de seu Euclides-Parafusos" .
Direção: Marcelo Roque.

2008  artesão oficina de arte pré-produção do longa "O Senhor do labirinto'' réplicas das obras de Arthur Bispo do Rosário.
Direção: Sérgio Mota.

2008 assistente de arte instalação Cenográfica ''Arthur Bispo do Rosário'' .
Direção de arte : Sérgio Silveira.

2008 assistente de arte ''As aventuras de seu Euclides-Chegança''.

2010 Curso de Xilogravura sob a Orientação do Artista Plástico Elias Santos em seu Projeto ''Gravuras de Inverno em Circuito'' Sociedade Semear.

2012 Elenco Manipulação Direta Boneco  "As aventuras de Seu Euclides-Lambe Sujo e Caboclinhos''.

2013 Oficina de artes cênicas cenografia Sebrae.
Direção: Ronald Teixeira.

2013 Exposição Coletiva Salão dos Novos Galeria de arte J.Inácio.

2014 Cenotécnico Longa Metragem 'A pelada'' de Damien Chemin 2014.

2014 Assistente de Palhaço Retalhos Populares da Palhaça Carmela de Iris Fiorelli.

2014  Performer Projeto Palco Giratório (SESC) Grupo Performático e Intervenção Urbana Desvio Coletivo ''Cegos'' . Marcos Bulhões Marcos e Marcelo Denny
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wilson1970
Cinco letras me resume e a vida até tem ciúme de não ser eterna como eu em HAICAI SOMBRIO N 1 Você escreve com propriedade e vocação parabéns
16/março/2020
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faridi
Obrigado aos poucos que leêm, por estar aqui!
10/abril/2018
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namastibet
lançe a face a luz, recolherá realidade
10/abril/2018

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