clarissabsantana

Eu nunca amei.
E talvez, nunca amarei.
Só abracei corpos tão fatigados
e desesperados como o meu,
em busca do amor que não tenho em mim.

Beijei faces sem identidade e
individualidades sem realidade.
Acabo por não saber quem são,
e eles também não sabem quem sou.
No entanto, essa questão é também meu temor.

Minha existência mendicante ou
minha mendicante existência...
de criança no amor e deusa na indiferença.

Sou outra pessoa.
Eu estou em luto.
Luto da fantasia
Sofrido: para uma artista.
Que só quer viver de poesia
De magia
Agonia
De paixão!

Ei? Pega a minha mão? 

Vamos voar pelo infinito
Pelo seu sorriso
Sua voz doce e encantada
Que em uma nota
Derruba minha estafa

Que alegria ver te meu amor
Aqui estou mentindo
Para tudo e todos
Escondendo a realeza
Do meu sentimento
Indelével
Sem cor e sem alento
Desatento

Não fale mais!

Ouvir- te sangra me os ouvidos
Ver-te corrói meus sentidos...
Onde colocar esse pânico?
Esse ruído?

Meu amor onde estás?

Enterrei-te no fundo da consciência
Escura, triste e ausente.

Lua cheia lua linda
Minha sereia
Minh'amiga
Estrela sem guia

Carrega contigo a mágoa
da tristeza indizivel
Do amor antigo
Guardado a sete chaves
No escaninho da alma

Nesse abrigo secreto
De segredos e sonhos indiscretos
De palavras não ditas
De beijos roubados
De beijos não dados
E amores despedaçados...

Sonhos e ilusões
Felicidades
E paixões
Leva contigo essa magia e ilusão
De ti quero apenas razão.

Noite triste
Sem carinho
Sem luz
Sem amor ou arrimo

Apenas o vazio
Saí sem rumo no frio
Frio da solidão
Frio da saudades

Despedi-me de ti
com uma tristeza no peito
Meu sol
Meu coração
Onde você foi?

Queria falar contigo por horas
Mas só tinha escassos minutos
Confusos, perdidos, diminutos
Com olhares astutos...

Em que momento criarás coragem?
Para permitir que eu entre em seu coração?
E em seu corpo como um furacão?
Para depois deixar apenas o vazio da ilusão?

Para ambos sofrerem e morrerem
Embriagados no mar da paixão
Quantas perguntas sem respostas...
Quantas dores ignotas...

(Hei de arder com tanta lorota)

Sinto afastar-te a cada dia
com uma sabedoria...
Saber louco que aprendemos pouco
Todo dia quero o oco!
Vazio, sórdido bandido
Procuro teu rosto, teu olvido

Queria amar-te tanto meu menino!

Sou outra pessoa.

Eu estou em luto.

Luto da fantasia

Sofrido: para uma artista

Que só quer viver de poesia

De magia

Agonia

De paixão!

Ei? Pega a minha mão? 

Vamos voar pelo infinito

Pelo seu sorriso

Sua voz doce e encantada

Que em uma nota

Derruba minha estafa

Que alegria ver te meu amor

Aqui estou mentindo

Para tudo e todos

Escondendo a realeza

Do meu sentimento

Indelével

Sem cor e sem alento

Desatento

Nao fale mais

Ouvir- te sangra me os ouvidos

Ver-te corrói meus sentidos

Onde colocar esse pânico

Esse ruído

Meu amor onde estás?

Enterrei-te no fundo da consciência

Escura, triste e ausente.

Saudades de ler
Saudades de Clarice
Saudades de Machado
Meus livros... meus amados
Assim fui criada
Assim sou levada
Sozinha nunca me sinto
Sempre confortada
O conhecimento transforma
O conhecimento renova
De soneto em soneto
Encontro o sentido do texto
E a vida segue louca e embaraçada
Cujo sentido não chegamos a entender
Só caminhamos sozinhos
Esperando a hora de renascer.

Pote cheio
Quando coisa guardada
Quanto apego
Aqui estou
Revirando meu mundo inteiro
Te buscando em devaneios
Perdida no tempo
Saudades meu bem
Saudades desse vento
Saudades desse alento
Do seu amor doce
Como um veneno
Viciante e inebriante
Perigoso doravante!
Quis- te com todo meu ser
Bloqueei-me
Contive
Agora me sinto triste,
porém, livre!
Apesar dessa paixão...
Um grande amor é uma prisão
E a liberdade é meu maior galardão.

Há aquela angústia perene em minh’alma de poeta.
E eis que vãs filosofias não preenchem a utopia.
E eis que versos não satisfazem almas sedentas de prosa 
e rezas não saciam sede de alcoólatras; 
o remédio não cura o enfermo auto-etiológico 
e a música da vida não abarca sua cor.

E a indignação interdisciplinar perde o colorido quando é abstrata!
Deixa de entreter para ser um fim em si mesma.
E eis que morre a poeta ! Egoísta e pseudo-ascética…
Que não alcança si mesma e nem a Terra.

Que me vale comentar a beleza das flores, 
se meus fracos versos não fazem jus à sua existência?
Farão as palavras jus a todo passado que nós “do presente” perdemos?
A existência fará jus algum dia a colorida e 
inflamada poesia que não é realidade nem mentira?