Artes da semana
I
Aconteceu na época em que eu andava
Pelas ruas tentando esquecer meu nome
Tudo ainda está meio nebuloso
E as ideias parecem desconexas
Lembro-me de estarmos sentados
E eu, não consigo enxergar direito o que está escrito;
E ele, liga a lâmpada, ta aí do seu lado;
Então eu liguei o interruptor que estava ao meu lado
E houve luz, assim disseram.
II
Que solidão, exclamei, era meio dia
A luz iluminava o palco
As portas de uma civilização, era o que me parecia
Mas não havia ninguém no mundo
E eu, ninguém para gozar de minha obra,
os palcos vazios, as ruas vazias, os prédios vazios;
Eu e ele sentados com os papéis em mãos
E eles, vimos que acenderam a luz, viemos até aqui;
Deixei-os entrar e apresentei-lhes o primeiro ato
Mas como eu sou uma sombra ambulante
Fui embora e não disse o porquê.
III
E o fogo continuou se apagando.
E as chamas, enfim, tornaram-se brasas frias.
E o pó levantou-se da terra,
Cobrindo os edifícios.
É o fim, gritou o povo,
É o fim, gritei-lhes,
Apontando o caminho;
Asfaltando as ruas para que povo
Pudesse caminhar.
E abri pedágios
Para aqueles que enxergassem pudessem atravessar
E, também, para que os cegos ficassem em seu devido lugar.
Sozinhos e perdidos e
Desesperados,
Como era no princípio
Agora
E sempre
Amém!