Alguns Poemas

Espiral Descendente (Ad Infinitum)

Espiral Descendente (Ad Infinitum)

Como que após a nossa sujeira tudo se tornou tão conformado? Como que em nossas sutilezas e desdém nos tornamos vingativos a ponto de não merecer nenhuma nova surpresa? Destaquei os horríveis episódios, e na lembrança do nunca mais deixei a pauta de despedida em cima de seus pertences e de agora em diante, não pertencemos mais a nós mesmos.

Deixei cair as últimas lagrimas e foram gélidas, como a calma que transparece em meu semblante. Sozinho, esse é o meu novo pôr do sol, sozinho em nossa nova congratulação, sozinho e pronto, nada mais me pertence como antes.

Dos órgãos que mais admirava, estavam os seus olhos, que hoje pedem a despedida de um nunca mais. Fomos em tempo esgotado bom um para o outro, e ainda sim geramos o melhor que podíamos dar um ao outro.

A conversão foi transferida, e as lembranças não gesticulam como antes, as teorias de quase tudo, mal se formulam em seus palavrórios. Tuneis côncavos, espirais descendentes, e o deserto que se desespera com seu falso conteúdo idílico. Espíritos rotulados, por onde perecemos primeiro?

O novo velho mundo se descobriu, e as velhas formas habitáveis se tornaram indesejadas para nós dois. Tentar novamente com outros acasos, errar de maneiras injustificáveis, cancerar as palavras e as emoções, e as fissuras, simplesmente não deixam mais o continuar prosseguir o seu caminho. Sua causa finalista, finalmente é, e nada mais é possível.

A máquina se vangloriou de se despedir novamente, os gestos tortuosos, e a palavras que não se formula mais em seu espaço próprio tencionam de maneira sutil o seu deixar de ser. Desaparecimento descendente, dos novos para os velhos, e os velhos sempre além dos próprios desejos que o tempo repercute. A carne raramente aparece com as mesmas nuances, mais é sempre algo emulado geneticamente e misturados em sua aleatoriedade manifesta.

Nossos espaços se congestionaram, é preciso desaparecer por completo, por favor renuncie a toda a nossa história, novamente e novamente. Não é apenas pelas pessoas que ficaram, não é apenas pelo erro de cálculo, é apenas pela aparição que se materializa em formas recorrentes. Somos o decantamento de nosso último réquiem.

Padecemos pela falta e pelo desdém, padecemos pelo erro da religião, padecemos pela estranheza um com o outro, e no final nos aliviamos sem crença alguma no futuro, apenas dispensamos as honrarias e os falsos afetos um pelo outro, e isso foi demais para nossas enfermidades e nossas falsas arrestas.

Em uma espiral descendente completamente nula descemos de mãos atadas, segurando firme e olhando a queda, para finalmente podermos descansar, no túmulo dos dias perdidos e das conquistas não alcançadas.

06/03/2017

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