Segredo de nossas preces
O segredo da prece, verdade é
Deus condena quem
assina divisão da cruz às
costas.
Perdoa a quem dá
outrem a coça
pois que em cada qual é
sina, aprender por erro
experiência e fadiga
– vaga e extensa insolação.
Você, à volta com novena, ponha
fé na tabuada que lhe
consome, mal completa
jornada, irreal o real.
Peça nada ao santo; orçamento
de milagre, é faltar-lhe com
respeito.
Fica a cachaça ao balcão de
sonhos fins, e dos
pulmões tosse pigarro, presságio
ruim.
(você ainda à volta da tarde, noite
infinda, rouca de saudades de
menina, que é João).
Seja a sorte se não
for, nada a ver com lance
algum; crédito à mão
de vista grossa o
desjejum, benzido amor
pagão.
Há de oculto em toda prece
mentira que a gente nega.
Cicatriz da carne fraca, que
feliz guarda Araci, porque mulher
consorte de homem que
a maltrata, diz assim é
o macho
ela condiz.
Talvez passado
humano, de tempos
costume vassalo; em dia
de hoje sem
poder de prece
leão à cova ausente
a regurgitar
preceitos de bem querer:
Daniel:
– segredo da prece, não sei
decerto a alma conta;
sejam lágrimas do rosário, ou
reza de Francisca à mesa
posta
quando ainda é madrugada, e
filho quer café mais
palavra à entrevista
e hora já cadente,
deseja espaldar o
firmamento não, quer
estrelas pelo chão vir
semear.
Pressa antiga, prece nova
queira de mim seu duvidar.
Importa que
deidades mundanas ouçam
cantiga de língua morta?
Lendas que se confrontam
e desamor de quem um
dia fez-te mar?
Segredo e prece é
de avó; sequer o
Padre Nosso – cuja
grandeza é maior – se vasculha
aos cabelos seus; preceitos
quais piolhos da trama
esconde-esconde
mandinga, que a
terra parasita descorçoa
à prazo, à vista, que
diferença tem?
Quer anciã, escuta
atenta dos versos, nada
além.
Pois prece nenhuma recupera
gênio bom.
Prece perdida é
aquela feita, ingratidão.
Profanar deidades assentadas
à guisa de encosto, que de
Cafarnaum à Santa Sé
fez desgosto só
dessa fé trabalhadeira.
Pois que cuíca
de santos filha
ginga-gingante à ladeira
venha me condecorar
sorrindo.
Oremos, rezemos mundos
desdigamos enfim, anos
passados, porvir
Serafins.
Sejam preces de contas, de faz
de conta, de cor, de
sermão
bem-vindas serão todas
que segredo de prece
existe, às vezes não.
Afinal, Deus se fazer ouvir por
todas, quer saiba sua
religião, quer não
exista Deus, se desista em
vão do mistério – ateu (!)
O segredo da
prece, quem tiver o
traga à pele esfolada,
seja ou não Bartolomeu.
E prece será fé que
ditará, cantará
espanto assombro
devoção.
Da roseira, segredo
espinho que a
proteja contra
o que a per-rodeia
oração;
mistério que alma
traz consigo, e quer
batam os sinos,
direi sempre comigo
– não morreu.
Deus condena quem
assina divisão da cruz às
costas.
Perdoa a quem dá
outrem a coça
pois que em cada qual é
sina, aprender por erro
experiência e fadiga
– vaga e extensa insolação.
Você, à volta com novena, ponha
fé na tabuada que lhe
consome, mal completa
jornada, irreal o real.
Peça nada ao santo; orçamento
de milagre, é faltar-lhe com
respeito.
Fica a cachaça ao balcão de
sonhos fins, e dos
pulmões tosse pigarro, presságio
ruim.
(você ainda à volta da tarde, noite
infinda, rouca de saudades de
menina, que é João).
Seja a sorte se não
for, nada a ver com lance
algum; crédito à mão
de vista grossa o
desjejum, benzido amor
pagão.
Há de oculto em toda prece
mentira que a gente nega.
Cicatriz da carne fraca, que
feliz guarda Araci, porque mulher
consorte de homem que
a maltrata, diz assim é
o macho
ela condiz.
Talvez passado
humano, de tempos
costume vassalo; em dia
de hoje sem
poder de prece
leão à cova ausente
a regurgitar
preceitos de bem querer:
Daniel:
– segredo da prece, não sei
decerto a alma conta;
sejam lágrimas do rosário, ou
reza de Francisca à mesa
posta
quando ainda é madrugada, e
filho quer café mais
palavra à entrevista
e hora já cadente,
deseja espaldar o
firmamento não, quer
estrelas pelo chão vir
semear.
Pressa antiga, prece nova
queira de mim seu duvidar.
Importa que
deidades mundanas ouçam
cantiga de língua morta?
Lendas que se confrontam
e desamor de quem um
dia fez-te mar?
Segredo e prece é
de avó; sequer o
Padre Nosso – cuja
grandeza é maior – se vasculha
aos cabelos seus; preceitos
quais piolhos da trama
esconde-esconde
mandinga, que a
terra parasita descorçoa
à prazo, à vista, que
diferença tem?
Quer anciã, escuta
atenta dos versos, nada
além.
Pois prece nenhuma recupera
gênio bom.
Prece perdida é
aquela feita, ingratidão.
Profanar deidades assentadas
à guisa de encosto, que de
Cafarnaum à Santa Sé
fez desgosto só
dessa fé trabalhadeira.
Pois que cuíca
de santos filha
ginga-gingante à ladeira
venha me condecorar
sorrindo.
Oremos, rezemos mundos
desdigamos enfim, anos
passados, porvir
Serafins.
Sejam preces de contas, de faz
de conta, de cor, de
sermão
bem-vindas serão todas
que segredo de prece
existe, às vezes não.
Afinal, Deus se fazer ouvir por
todas, quer saiba sua
religião, quer não
exista Deus, se desista em
vão do mistério – ateu (!)
O segredo da
prece, quem tiver o
traga à pele esfolada,
seja ou não Bartolomeu.
E prece será fé que
ditará, cantará
espanto assombro
devoção.
Da roseira, segredo
espinho que a
proteja contra
o que a per-rodeia
oração;
mistério que alma
traz consigo, e quer
batam os sinos,
direi sempre comigo
– não morreu.
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