

marialuiza
péssima em auto descrição mas ansiando ser menos autobiográfica. (normalmente é Malu)
2002-05-06 Ceará
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9
essa peste que tu é
os pelos do meu corpo sentem o âmago da tua ausência.
a vontade de ter-te tende a consumir-me das entranhas até a superfície da pele, me devorando aos pouquinhos, e, ao fim do dia, tem me engolido inteira.
você nada em crawl dentro da minha garrafa de água.
dorme sereno, enquanto é amassado pelas páginas do meu livro de cabeceira.
se molha despido no leite da minha tigela de cereal.
com o seu cabelo longo embebecido, você pequenininho, sorrir com uma confiança irritante, dizendo que eu me alimento muito mal.
minha boca de Sucrilhos não deixa que eu te conte alguns aspectos da minha rica dieta
mas olha, eu como bem,
apenas cometo alguns erros com as quantidades.
eu nunca sei a dose certa,
do que me devia ser balsâmico.
tem remédio na cidade,
que cure o excesso de algo que deveria curar?
que amenize um pouco esse querer, desesperado e ansioso de te ver repetidamente por aí, dos nossos corpos se esbarrando por acaso.
ou de simplesmente irmos um até ao outro, materializar um encontro detalhadamente planejado. apesar do almejo pela tua resposta, por uma interação intensa entre as nossas vozes e peles, também mora em mim uma necessidade de te olhar sem ser percebida, te fitar como um desconhecido, que cruza, sozinho, essas ruas asfaltadas. com os seus olhos ambíguos que não me vêem, não me dizem absolutamente nada.
a junção de você dentro desse cenário que são as ruas me trazem uma sensação breve de lar.
saber que o orvalho das dezoito horas sente a tua pele, que toda a umidade da noite está te tocando, e da relação química entre a sua respiração e a vegetalidade do lugar naquele exato momento.
imaginar qual ângulo bonito do céu
te aconselha a esquecer o contexto (que é um insulto) em que foi dado esse nosso laço, e a vir correndo...ok, pedalando, até a mim. pedindo-te, como um favor aos astros, pra que se torne impossível de negar, que tu deixe do lado de fora da cabeça
qualquer possibilidade de não ouvir um "sim"
da minha boca.
essa tua cautela tímida me contraria inteiramente, questiona todos os meus silêncios gritantes, e se eu ouso vocalizar alguma coisa...ela me desmente. e eu sigo contida, cansada, casmurra. esperando a hora em que a tua saudade muda, aprenda de novo a falar, mesmo que seja com uma tonalidade rouca, sabe? não quero os gritos eufóricos das paixões loucas, dos romances alarde. meu espírito sacia-se com os sussurros teus, meus tímpanos descansam no breu reconfortante da tua voz ecoando baixinha.
e apago daqui, quase que completamente, os dias excessivamente claros, em que ela não quis espalhar seu timbre escuro pra que o mesmo chegasse até mim. eu tô agora mesmo tentando unir as pontas de todos (ou pelo menos dos que deixaram rastro recente na minha memória) os ardores sentimentais que tu introduziu imperceptivelmente no meu peito, pois, com os efeitos unicamente físicos, eu já gastei tempo demais, mas ainda é válido dizer que sobre estes eu me debruço, eu me deito...
detesto admitir fraquezas sobre a minha destreza em certas produções literárias, mas a pluralidade que tu é e causa me deixou pontas soltas e qualquer meio de unir forma a escrita hilária. nada rima, nada acaba e nada dá o teu ar de esfinge que me encara. nada, nada.
nem essa lua brilhosa, que paira, olhando ofensivamente irônica pro tanto de horas que eu já gastei escrevendo sobre você. escrevendo pra quem ler? pode ser que leia, viu. digo que essa rispidez não combina com quem tem a luz emprestada, haha. ela vira a face, ilumina outra janela e outra sala. mas eu estou no quintal. com o olhar um tanto relapso em um ambiente que não está inteiramente mal. confesso, que esperava terminar mais cedo, e não me perder das emoções intrínsecas definitivamente. me controlando bastante pra que não termine com qualquer rima tosca que descreva alguma vagueza de sensações nos sentidos, transmitindo uma simplicidade inerente dos amores-bálsamos. você não é o meu amor-bálsamo, nem mesmo chega a ser o meu amor cármico. na verdade, você não pode se dar ao deleite de ser chamado de amor. esse líquidozinho que encharca os corações, ele não me remete o teu gosto. não me faz lembrar o teu rosto, (apesar de às vezes encontrar em mim uma leve, bem leve, vontade de te oferecer esse enfeite) pra mim a sua composição é mais complexa,
e tem um sabor memorável e ameno.
se tudo que tu tem pra me dar és veneno
a minha boca amarga e falece, antecipadamente,
por desse não beber.
pela manhã estar esbranquiçadamente nublada.
pelo os pingos da tua saliva doce permanecerem deitados nas calçadas.
por você ser a roupa que me veste e toca as partes mais sensíveis do meu corpo e nem ao menos ousa se permitir a acariciar.
por ver-te seguir sendo essa peste,
que me arrasta como uma ressaca litorânea,
e inverte até a mínima bobagem que eu já tive a certeza de acreditar.
por ter habitando em mim a convicção sólida, de que preciso roubar os teus olhos.
só pra deixa-los assim, vidrados e inquietos, investigando a mim.
sentir no fundo da minha derme a tua íris que me percorre e me arranha.
sigo encontrando justificativas, pra não dar lugar pra sentar aos conceitos inexplicáveis dos sentimentos. pra que, daqui a pouco, eu não tenha um rótulo pra chamar essa coisa que me empurra constantemente a sentir raiva da ternura que você acorda no meu ser.
a vontade de ter-te tende a consumir-me das entranhas até a superfície da pele, me devorando aos pouquinhos, e, ao fim do dia, tem me engolido inteira.
você nada em crawl dentro da minha garrafa de água.
dorme sereno, enquanto é amassado pelas páginas do meu livro de cabeceira.
se molha despido no leite da minha tigela de cereal.
com o seu cabelo longo embebecido, você pequenininho, sorrir com uma confiança irritante, dizendo que eu me alimento muito mal.
minha boca de Sucrilhos não deixa que eu te conte alguns aspectos da minha rica dieta
mas olha, eu como bem,
apenas cometo alguns erros com as quantidades.
eu nunca sei a dose certa,
do que me devia ser balsâmico.
tem remédio na cidade,
que cure o excesso de algo que deveria curar?
que amenize um pouco esse querer, desesperado e ansioso de te ver repetidamente por aí, dos nossos corpos se esbarrando por acaso.
ou de simplesmente irmos um até ao outro, materializar um encontro detalhadamente planejado. apesar do almejo pela tua resposta, por uma interação intensa entre as nossas vozes e peles, também mora em mim uma necessidade de te olhar sem ser percebida, te fitar como um desconhecido, que cruza, sozinho, essas ruas asfaltadas. com os seus olhos ambíguos que não me vêem, não me dizem absolutamente nada.
a junção de você dentro desse cenário que são as ruas me trazem uma sensação breve de lar.
saber que o orvalho das dezoito horas sente a tua pele, que toda a umidade da noite está te tocando, e da relação química entre a sua respiração e a vegetalidade do lugar naquele exato momento.
imaginar qual ângulo bonito do céu
te aconselha a esquecer o contexto (que é um insulto) em que foi dado esse nosso laço, e a vir correndo...ok, pedalando, até a mim. pedindo-te, como um favor aos astros, pra que se torne impossível de negar, que tu deixe do lado de fora da cabeça
qualquer possibilidade de não ouvir um "sim"
da minha boca.
essa tua cautela tímida me contraria inteiramente, questiona todos os meus silêncios gritantes, e se eu ouso vocalizar alguma coisa...ela me desmente. e eu sigo contida, cansada, casmurra. esperando a hora em que a tua saudade muda, aprenda de novo a falar, mesmo que seja com uma tonalidade rouca, sabe? não quero os gritos eufóricos das paixões loucas, dos romances alarde. meu espírito sacia-se com os sussurros teus, meus tímpanos descansam no breu reconfortante da tua voz ecoando baixinha.
e apago daqui, quase que completamente, os dias excessivamente claros, em que ela não quis espalhar seu timbre escuro pra que o mesmo chegasse até mim. eu tô agora mesmo tentando unir as pontas de todos (ou pelo menos dos que deixaram rastro recente na minha memória) os ardores sentimentais que tu introduziu imperceptivelmente no meu peito, pois, com os efeitos unicamente físicos, eu já gastei tempo demais, mas ainda é válido dizer que sobre estes eu me debruço, eu me deito...
detesto admitir fraquezas sobre a minha destreza em certas produções literárias, mas a pluralidade que tu é e causa me deixou pontas soltas e qualquer meio de unir forma a escrita hilária. nada rima, nada acaba e nada dá o teu ar de esfinge que me encara. nada, nada.
nem essa lua brilhosa, que paira, olhando ofensivamente irônica pro tanto de horas que eu já gastei escrevendo sobre você. escrevendo pra quem ler? pode ser que leia, viu. digo que essa rispidez não combina com quem tem a luz emprestada, haha. ela vira a face, ilumina outra janela e outra sala. mas eu estou no quintal. com o olhar um tanto relapso em um ambiente que não está inteiramente mal. confesso, que esperava terminar mais cedo, e não me perder das emoções intrínsecas definitivamente. me controlando bastante pra que não termine com qualquer rima tosca que descreva alguma vagueza de sensações nos sentidos, transmitindo uma simplicidade inerente dos amores-bálsamos. você não é o meu amor-bálsamo, nem mesmo chega a ser o meu amor cármico. na verdade, você não pode se dar ao deleite de ser chamado de amor. esse líquidozinho que encharca os corações, ele não me remete o teu gosto. não me faz lembrar o teu rosto, (apesar de às vezes encontrar em mim uma leve, bem leve, vontade de te oferecer esse enfeite) pra mim a sua composição é mais complexa,
e tem um sabor memorável e ameno.
se tudo que tu tem pra me dar és veneno
a minha boca amarga e falece, antecipadamente,
por desse não beber.
pela manhã estar esbranquiçadamente nublada.
pelo os pingos da tua saliva doce permanecerem deitados nas calçadas.
por você ser a roupa que me veste e toca as partes mais sensíveis do meu corpo e nem ao menos ousa se permitir a acariciar.
por ver-te seguir sendo essa peste,
que me arrasta como uma ressaca litorânea,
e inverte até a mínima bobagem que eu já tive a certeza de acreditar.
por ter habitando em mim a convicção sólida, de que preciso roubar os teus olhos.
só pra deixa-los assim, vidrados e inquietos, investigando a mim.
sentir no fundo da minha derme a tua íris que me percorre e me arranha.
sigo encontrando justificativas, pra não dar lugar pra sentar aos conceitos inexplicáveis dos sentimentos. pra que, daqui a pouco, eu não tenha um rótulo pra chamar essa coisa que me empurra constantemente a sentir raiva da ternura que você acorda no meu ser.
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