

rayres mary
Olhar para o céu é como uma oração. Aprender sobre plantas medicinais é o que herdo de minha mãe. A solidão é um abraço com Deus e o partilhar de sentimentos com alguém é um abraço com o próximo. A escolha é nossa liberdade e a prisão é estar vazio. Acreditar na eternidade é o verdadeiro preenchimento. Ser humilde e se reconhecer como pó é para os que verdadeiramente evoluíram.
1999-10-22 FORTALEZA
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tem um setembro no meu outubro. tem uma mosca no meu quarto. é tarde de domingo e estou emitindo sons na cabeça feito a mosca pela qual me rodeia. não só ela, como também as doenças. os ardores, o calor, a tristeza. um copo de leite não relaxa o meu ponto de massa. nem um pedaço de pão com a pior margarina com 60% de gordura.
estou sendo 1% de mim desde o início do ano. não avanço, mesmo sentando e tentando ler, estou secando. isso não é tentar. isso é se perder no tempo mesmo sem tempo contando os numeros do relogio na tela do celular como se o tempo fosse me matar, como os livros e as palavras não lidas e não expressas. eu tenho uma semana para envelhecer e ainda não lancei um livro de poemas, não construi uma casa na árvore e nem entreguei a minha última carta, ainda não joguei com meu companheiro de vida bexigas cheias de água e tampouco subi a árvore para compor uma canção nem mesmo dedilhei um violão e não pulei na água mesmo estando abaixo do pescoço eu sorri apenas e depois fiquei séria. é só isso que sei fazer: ser séria e fingir ser feliz em meio a tanta desorganização de vida sem tostão e sem rota concreta de beijo, amor e suor, de sonho e estabilidade de mente e de alma. está tudo empoeirado, livros espalhados, retratos dentro das páginas perdidas no tempo contendo magia de anos atrás quando fui criança e feliz quando tinha nada e ao mesmo tempo tinha tudo e hoje nada tenho só tenho um nada enorme desenhado na minha memória, nas paredes, na mão de uma corda. há tempos não escrevo uma história senão poemas livres de doenças sentimentais e resquícios de tanta gente que desgraçou meu eu e de tantos eus malfeitos e mal escritos dentro do meu coração discreto incoerente e poroso. poroso feito corpo de ator prestes a enraizar os pés no solo e erguer os braços na inquietude e desejo de alcançar o céu e a presença mística quase impossível de um intérprete bicho corpo não doido mas todo, ser todo no espaço tempo em outro mundo, outro mundo tão desejado e distante. reparo em mim e nos outros de corpo e tenho visto tudo embaçado manchado preto porque minha visão não serve mais para mim quanto menos pra você é por isso que sem poder enxergar o mundo me apaixono desfocado e assim prosseguem essas doenças malditas quase raras de se acontecer e me desfoco e vejo o outro desfocado mas tudo em meu peito é tão nítido, calado, forte e gripado, rouco e exausto. parado e sem teto sem vez uma mão única e estupidamente gelada sem graça só fervura de teclados e jogos antigos de jogo dramático do pierre encostando no meu garfo e nos teclados de uma semana quente quente e infernal de dores e de sangue sangue sangue sou estudante com útero dilacerante e de sinal fechado para eu mesma e para quem não obedece minhas regras dentro de um carro dando marcha e acelerando até chegar na esquina de uma rua para comprar todos os ingressos de uma peça de um escritor defunto aclamado e imortal de um roteiro estupidamente horrível de romântico com amor e morte e ode é uma confusão ostentar amor na arte sem ter visto e sentido um de perto mas atriz ator é ser isso e tudo um tico de jogador e mal jogador sem ter aprendido as regras e ainda assim ter se jogado no calor de uma cena de ser um piloto uma máquina e um objeto. de se misturar e escrever tudo sem ver sem pensar e ser rápido como vento de corrida no rosto as quintas eu não sei você mas isso não é viver, viver é ser pintura emoldurada na parede para todos ver e ali, nunca nunca nunca tu vais morrer pelo contrário vai eternamente viver dentro de um outubro no quarto enquanto pessoas te rodeiam e te observam feitos moscas famintas a procura de qualquer coisa para saborear e viver mesmo sendo péssimo ainda vao te rodear e falar e falar ou se tocar por tudo o que foi dentro daquele quadro velho e eterno restaurado centenário quadrado e intocável
intocável.
estou sendo 1% de mim desde o início do ano. não avanço, mesmo sentando e tentando ler, estou secando. isso não é tentar. isso é se perder no tempo mesmo sem tempo contando os numeros do relogio na tela do celular como se o tempo fosse me matar, como os livros e as palavras não lidas e não expressas. eu tenho uma semana para envelhecer e ainda não lancei um livro de poemas, não construi uma casa na árvore e nem entreguei a minha última carta, ainda não joguei com meu companheiro de vida bexigas cheias de água e tampouco subi a árvore para compor uma canção nem mesmo dedilhei um violão e não pulei na água mesmo estando abaixo do pescoço eu sorri apenas e depois fiquei séria. é só isso que sei fazer: ser séria e fingir ser feliz em meio a tanta desorganização de vida sem tostão e sem rota concreta de beijo, amor e suor, de sonho e estabilidade de mente e de alma. está tudo empoeirado, livros espalhados, retratos dentro das páginas perdidas no tempo contendo magia de anos atrás quando fui criança e feliz quando tinha nada e ao mesmo tempo tinha tudo e hoje nada tenho só tenho um nada enorme desenhado na minha memória, nas paredes, na mão de uma corda. há tempos não escrevo uma história senão poemas livres de doenças sentimentais e resquícios de tanta gente que desgraçou meu eu e de tantos eus malfeitos e mal escritos dentro do meu coração discreto incoerente e poroso. poroso feito corpo de ator prestes a enraizar os pés no solo e erguer os braços na inquietude e desejo de alcançar o céu e a presença mística quase impossível de um intérprete bicho corpo não doido mas todo, ser todo no espaço tempo em outro mundo, outro mundo tão desejado e distante. reparo em mim e nos outros de corpo e tenho visto tudo embaçado manchado preto porque minha visão não serve mais para mim quanto menos pra você é por isso que sem poder enxergar o mundo me apaixono desfocado e assim prosseguem essas doenças malditas quase raras de se acontecer e me desfoco e vejo o outro desfocado mas tudo em meu peito é tão nítido, calado, forte e gripado, rouco e exausto. parado e sem teto sem vez uma mão única e estupidamente gelada sem graça só fervura de teclados e jogos antigos de jogo dramático do pierre encostando no meu garfo e nos teclados de uma semana quente quente e infernal de dores e de sangue sangue sangue sou estudante com útero dilacerante e de sinal fechado para eu mesma e para quem não obedece minhas regras dentro de um carro dando marcha e acelerando até chegar na esquina de uma rua para comprar todos os ingressos de uma peça de um escritor defunto aclamado e imortal de um roteiro estupidamente horrível de romântico com amor e morte e ode é uma confusão ostentar amor na arte sem ter visto e sentido um de perto mas atriz ator é ser isso e tudo um tico de jogador e mal jogador sem ter aprendido as regras e ainda assim ter se jogado no calor de uma cena de ser um piloto uma máquina e um objeto. de se misturar e escrever tudo sem ver sem pensar e ser rápido como vento de corrida no rosto as quintas eu não sei você mas isso não é viver, viver é ser pintura emoldurada na parede para todos ver e ali, nunca nunca nunca tu vais morrer pelo contrário vai eternamente viver dentro de um outubro no quarto enquanto pessoas te rodeiam e te observam feitos moscas famintas a procura de qualquer coisa para saborear e viver mesmo sendo péssimo ainda vao te rodear e falar e falar ou se tocar por tudo o que foi dentro daquele quadro velho e eterno restaurado centenário quadrado e intocável
intocável.
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