Licenciatura em Filologia Românica pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto.
Professora no Ensino Secundário de Português e Francês.
Só depois da aposentação, faço das palavras , outra companhia.
Perdi-me de mim e dormi. Senti o sabor da solidão que florescia na sombra corri os montes das flores que me falavam do vale no bulir das marés. Acariciei as flores plantadas na água que regava a marcela e afaguei os meus pés. Corri com saltões saboreei o trigal deitei-me na erva pousei o meu corpo no chão húmido da esperança senti o arrepio das cigarras a fome das alturas e a sede de ser de novo criança!
Os olhos... ah! os olhos eram a água atrevida inundando a consciência com fome de vida. Eram as flores teimosas escorrendo amarelas na face das mimosas invasão no sorriso ardente no espelho líquido da nascente cansaço mole na mistura tão difusa do poente.
Quero perder o tempo que se infiltra na terra e me prende às cheias de fogo que morrem nas minhas cinzas; fugir na cantilena da água que se perde nos outeiros tremendo veloz pelas fragas em repuxos aéreos de ventos.
Quero regar de alma as raízes das fontes e dos fetos que semeiam a frescura dos montes sentar-me na sombra dos lírios, namorando as violetas que ardem na chama roxa dos aromas, nos círios dos poetas.