Álvares de Azevedo

Álvares de Azevedo

Manuel Antônio Álvares de Azevedo foi um escritor da segunda geração romântica, contista, dramaturgo, poeta e ensaísta brasileiro, autor de Noite na Taverna.

1831-09-12 São Paulo, Brasil
1852-04-25 Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil
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Prémios e Movimentos

Romantismo

Alguns Poemas

Idéias Íntimas

FRAGMENTO.
La chaise ou je m'assieds, la natte ou je me couche,
La table ou je t'écris, ............................
....................................................
Mes gros souliers ferrés, mon bâton, mon chapeau,
Mes livres pêle-mêle entassés sur leur planche
.....................................................
De cet espace étroit sont tout l'ameublement.
LAMARTINE. Jocelyn.

I

Ossian o bardo é triste como a sombra
Que seus cantos povoa. O Lamartine
E' monótono e belo como a noite,
Como a lua no mar e o som da ondas...
Mas pranteia uma eterna monodia,
Tem na lira do gênio uma só corda,
Fibra de amor e Deus que um sopro agita:
Se desmaia de amor a Deus se volta,
Se pranteia por Deus de amor suspira.
Basta de Shakespeare. Vem tu agora,
Fantástico alemão, poeta ardente
Que ilumina o clarão das gotas pálidas
Do nobre Johannisberg! Nos teus romances
Meu coração deleita-se... Contudo
Parece-me que vou perdendo o gosto,
Vou ficando blasé, passeio os dias
Pelo meu corredor, sem companheiro,
Sem ler, nem poetar. Vivo fumando.
Minha casa não tem menores névoas
Que as deste céu d'inverno.... Solitário
Passo as noites aqui e os dias longos;
Dei-me agora ao charuto em corpo e alma;
Debalde ali de um canto um beijo implora,
Como a beleza que o Sultão despreza,
Meu cachimbo alemão abandonado!
Não passeio a cavalo e não namoro;
Odeio o lasquenet... Palavra d'honra!
Se asim me continuam por dois meses
Os diabos azuis nos frouxos membros,
Dou na Praia Vermelha ou no Parnaso.

II

Enchi o meu salão de mil figuras.
Aqui voa um cavalo no galope,
Um roxo dominó as costas volta
A um cavaleiro de alemães bigodes,
Um preto beberrão sobre uma pipa,
Aos grossos beiços a garrafa aperta...
Ao longo das paredes se derramam
Extintas inscrições de versos mortos,
E mortos ao nascer... Ali na alcova
Em águas negras se levanta a ilha
Romântica, sombria à flor das ondas
De um rio que se perde na floresta...
Um sonho de mancebo e de poeta,
El-Dorado de amor que a mente cria
Como um Édem de noites deleitosas...
Era ali que eu podia no silêncio
Junto de um anjo... Além o romantismo!
Borra adiante folgaz caricatura
Com tinta de escrever e pó vermelho
A gorda face, o volumoso abdômen,
E a grossa penca do nariz purpúreo
Do alegre vendilhão entre botelhas
Metido num tonel... Na minha cômoda
Meio encetado o copo inda verbera
As águas d'ouro do Cognac fogoso.
Negreja ao pé narcótica botelha
Que da essência de flores de laranja
Guarda o licor que nectariza os nervos.
Ali mistura-se o charuto Havano
Ao mesquinho cigarro e ao meu cachimbo.
A mesa escura cambaleia ao peso
Do titânio Digesto, e ao lado dele
Childe-Harold entreaberto ou Lamartine
Mostra que o romantismo se descuida
E que a poesia sobrenada sempre
Ao pesadelo clássico do estudo.

(...)

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Publicado no livro Poesias de Manuel Antônio Álvares de Azevedo (1853). Poema integrante da série Segunda Parte.

In: GRANDES poetas românticos do Brasil. Pref. e notas biogr. Antônio Soares Amora. Introd. Frederico José da Silva Ramos. São Paulo: LEP, 1959. v.1

NOTA: Poema composto de 14 parte

Canto Primeiro

XIV

Escutai-me, leitor, a minha história,
E'fantasia sim, porém amei-a.
Sonhei-a em sua palidez marmórea
Como a ninfa que volve-se na areia
Co'os lindos seios nus... Não sonho glória;
Escrevi porque a alma tinha cheia
— Numa insônia que o spleen entristecia —
De vibrações convulsas de ironia!

XV

Mas não vos pedirei perdão contudo
Se não gostais desta canção sombria
Não penseis que me enterre longo estudo
Por vossa alma fartar de outra harmonia!
Se vario no verso e idéias mudo
E'que assim me desliza a fantasia...
Mas a crítica, não ... eu rio dela...
Prefiro a inspiração de noite bela!

XVI

A crítica é uma bela desgraçada
Que nada cria nem jamais criara;
Tem entranhas de areia regelada:
E'a esposa de Abrão, a pobre Sara
Que nunca foi por Anjo fecundada:
Qual a mãe que por ela assassinara
Por sua inveja e vil desesperança
Dos mais santos amores a criança!

(...)

XXIV

Meu herói é um moço preguiçoso
Que viveu e bebia porventura
Como vós, meu leitor... se era formoso
Ao certo não o sei. Em mesa impura
Esgotara com lábio fervoroso
Como vós e como eu a taça escura.
Era pálido sim... mas não d'estudo:
No mais... era um devasso e disse tudo!

XXV

Dizer que era poeta — é cousa velha:
No século da luz assim é todo.
O que herói de novelas assemelha.
Vemos agora a poesia a rodo!
Nem há nos botequins face vermelha,
Amarelo caixeiro, alma de lodo,
Nem Bocage d'esquina, vate imundo,
Que não se creia um Dante vagabundo!

XXVI

O meu não era assim: não se imprimia,
Nem versos no teatro declamava!
Só quando o fogo do licor corria
Da fronte no palor que avermelhava,
Com as convulsas mãos a taça enchia.
Então a inspiração lhe afervorava
E do vinho no eflúvio e nos ressábios
Vinha o fogo do gênio à flor dos lábios!

(...)

XXXII

Olvidei a canção: só lembro dela
Que d'alma a languidez a estremecia:
Como um anjo num sonho de donzela
Sobre o peito a guitarra lhe gemia!
E quando à frouxa lua, da janela,
Cheia a face de lágrimas erguia,
Como as brisas do amor lhe palpitavam
Os lábios no palor que bafejavam!

XXXIII

Amar, beber, dormir, eis o que amava:
Perfumava de amor a vida inteira,
Como o cantor de Don Juan pensava
Que é da vida o melhor a bebedeira...
E a sua filosofia executava...
Com Alfredo Musset, a tanta asneira
Acrescento porém... juro o que digo!
Não se parece Jônatas comigo.

XXXIV

Prometi um poema, e nesse dia
Em que a tanto obriguei a minha idéia
Não prometi por certo a biografia
Do sublime cantor desta Epopéia
Consagro a outro fim minha harmonia...
Por favor cantarei nesta Odisséia
De Jônatas a glória não sabida...
Mas não quero contar a minha vida.

XXXV

Basta! foi longo o prólogo! confesso!
Mas é preciso à casa uma fachada,
À fronte da mulher um adereço,
No muro um lampião à torta escada!
E agora desse canto me despeço
Com a face de lágrimas banhada,
Qual o moço Don Juan no enjôo rola
Chorando sobre a carta da Espanhola.




Publicado no livro Obras de Manuel Antônio Álvares de Azevedo (1862). Poema integrante da série O Poema do Frade.

In: GRANDES poetas românticos do Brasil. Pref. e notas biogr. Antônio Soares Amora. Introd. Frederico José da Silva Ramos. São Paulo: LEP, 1959. v.

Amoroso palor

No amor basta uma noite para fazer de um homem um Deus.
PROPÉRCIO

Amoroso palor meu rosto inunda,
Mórbida languidez me banha os olhos,
Ardem sem sono as pálpebras doridas,
Convulsivo tremor meu corpo vibra...
Quanto sofro por ti! Nas longas noites
Adoeço de amor e de desejos...
E nos meus sonhos desmaiando passa
A imagem voluptuosa da ventura:
Eu sinto-a de paixão encher a brisa,
Embalsamar a noite e o céu sem nuvens;
E ela mesma suave descorando
Os alvacentos véus soltar do colo,
Cheirosas flores desparzir sorrindo
Da mágica cintura.
Sinto na fronte pétalas de flores,
Sinto-as nos lábios e de amor suspiro...
Mas flores e perfumes embriagam...
E no fogo da febre, e em meu delírio
Embebem na minh'alma enamorada
Delicioso veneno.

Estrela de mistério! em tua fronte
Os céus revela e mostra-me na terra,
Como um anjo que dorme, a tua imagem
E teus encantos, onde amor estende
Nessa morena tez a cor de rosa.
Meu amor, minha vida, eu sofro tanto!
O fogo de teus olhos me fascina,
O langor de teus olhos me enlanguece,
Cada suspiro que te abala o seio
Vem no meu peito enlouquecer minh'alma!

Ah! vem, pálida virgem, se tens pena
De quem morre por ti, e morre amando,
Dá vida em teu alento à minha vida,
Une nos lábios meus minh'alma à tua!
Eu quero ao pé de ti sentir o mundo
Na tu'alma infantil; na tua fronte
Beijar a luz de Deus; nos teus suspiros
Sentir as virações do paraíso...
E a teus pés, de joelhos, crer ainda
Que não mente o amor que um anjo inspira,
Que eu posso na tu'alma ser ditoso,
Beijar-te nos cabelos soluçando
E no teu seio ser feliz morrendo!

Dezembro, 1851.
Álvares de Azevedo (São Paulo SP, 1831 - Rio de Janeiro RJ, 1852) cursou Letras no Imperial Colégio de D. Pedro II, no Rio de Janeiro, e em 1848 matriculou-se na Faculdade de Direito de São Paulo. Nos anos seguintes, redigiu os poemas do romance A Noite na Taverna, o drama Macário e ensaios literários sobre Bocage, George Sand e Musset. Em 1849, discursou na sessão acadêmica comemorativa do aniversário da criação dos cursos jurídicos no Brasil. Três anos depois faleceria, sem chegar a concluir a faculdade. Sua obra, que abrange também os poemas da Lira dos Vinte Anos e a prosa do Livro de Fra Gondicário, foi reunida e publicada em 1942. Álvares de Azevedo é um dos principais nomes da segunda geração do romantismo brasileiro. Seus poemas, impregnados do spleen de românticos como Byron e Musset, tratam principalmente da morte e do amor, este freqüentemente idealizado. Outro traço importante da poesia de Álvares de Azevedo, segundo o crítico Antônio Cândido, é “o gosto pelo prosaísmo e o humor, que formam a vertente para nós mais moderna do Romantismo”.
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salvou muito sigma, ?????, obrigado pelo skibidi sigma pomni fortnite mewing rizz ronaldo jr
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virginwojak96024
savou nao buxa,?????, denada pelo toilet beta fodase free fire babidi reverse rizz messi velho
27/março/2024
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Lara
alguem sabe a data de publicação do poema não aqui no site quando o autor p publicou
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