Agonia confusa
Ser sempre pálido ao alvorecer, alvo, sempre calmo enquanto o sangue
escorre. Lágrimas caem sem eu querer, a dor é tão forte que não se
importa ver, crer, crescer, andar. Minhas pernas não mais caminham
contra o vento, pois estáticas se tornaram após a grande tempestade,
que mesmo sem eu entender qual grande foi esta tempestade, assim me
encontro caído, abatido, abalado, enciumado por algo que não existe,
isso tudo eu apenas criei, agora me diz como desfazer? Somente vejo a
sombra de minha cabeça baixa, meu sorriso não mais se encaixa nesta
mera solidão. Foi tudo eu quem criou. Foi tudo eu quem criou. Foi tudo
eu quem criei as aves que cantam e me cercam a cada manhã e que me
tiram um aperto qual sem jeito me leva fingir. Como rosas me via a
esperar que chegasse a luz, a luz que aos céus as conduz. Em vão
tentei, me esqueci que caminhar não posso mais, no entanto, um pranto
rolava interno, paterno, onde está o Pai? Sinto-me confuso e atraído,
sinto-me desvalorizado e traído, mas porque ainda resta algo bom que me
faça lembrar dos tempos bons que eu vivia a te amar? Não quero magoar
mais ninguém, férias de mim mesmo já tirei, seria bela a manhã serena
do fim de tudo isso que eu criei, pois foi eu quem criei, foi eu quem
criou...
mas tudo vai se findar.