AurelioAquino

AurelioAquino

Deixo-me estar nos verbos que consinto, os que me inventam, os que sempre sinto.

1952-01-29 Parahyba
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Desmedidas

desconfie dos tempos
postos em medidas
nada do que é exato
é totalmente a vida
 
sua matemática

é de estranha lida

nunca se contém números
mas em desmedidas
 
suas infinitudes

são tão restritas

que cabem quase sempre
nos bolsos da camisa
 
suas multiplicações

apenas recomeçam

as divisões que as horas
ensejam em seus tropeços
coisa de nem ser avaro
porque pleno e avesso
 
desconfie dos absolutos

e dos sempres invioláveis

por trás de cada infinito

há um susto mensurável

não com os metros do que se possa
mas com as réguas da vontade
 
desconfie dos relativos

e das vicissitudes dos espaços
tudo cabe num metro

apesar de incontrolável

é que a vida é quase absoluta
quando nela se cabe
 
desconfie da desconfiança
usada como arma

ela apenas se presta à razão
de quem se amarga
é que a vida não é dada
às incertezas de quem a traga
 
desconfie das manhãs arrazoadas
postas num tempo sem debates
nada do que é o tempo

resvala apenas em palavras
 
desconfie das amarguras
um tanto adredemente
nada que não respingue

na condição de contente

e na informalidade dos anos
que se tem como vivente
 
mas, sobretudo,

desconfie do tempo e dos verbos
em que se esteja navegando
sem os mares por perto.
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