Dilema

Quero um vocábulo sonoro como um proparoxítono:
as proparoxítonas são as mais melodiosas das palavras.

Quero algo suave como um crepúsculo
tocante como um armistício
silente como um prelúdio
profundo como uma carícia;
e ao mesmo tempo algo totalmente diferente:
contraditório, imprevisível, selvagem, pungente.

Quero a síntese da fêmea
na leoa ou na tigresa
que é lânguida com o filhote
e implacável com a presa.

O que eu quero mesmo é um poema
pra impressionar a namorada
(aquela "sem a qual a vida é nada").

Mas que palavra, porventura, a faria retratada?

Não confessarei nem sob tortura!

Ela continuará misteriosa e irrevelada;
ora maliciosa, ora cândida:
meu proparoxítono cantado Ângela.
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PEN Clube 1993Poesia Concreta

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