Ainda sinto
Eu ainda sinto, mesmo contra a minha vontade,
Por mais que eu tente não sentir,
A aguda ponta da saudade, que fere e arde.
É como uma lâmina, afiada e inclemente,
Que trespassa meu peito, cortante e dolente.
Por mais que eu clame ao universo, em vão,
Para que te esqueça, para que siga em solidão,
Tu persistes em meus pensamentos, como uma sombra no crepúsculo,
Imutável, inabalável, um nó indissolúvel.
Admito portanto,
é que fundo, eu gostaria que estivesse ao meu lado.
Mas escolheste partir, deixando-me na escuridão,
Mesmo quando supliquei por tua permanência, em vão.
E ainda que eu busque razões para me iludir,
Para crer que sou demais para você, pensar que foste tu a me perder,
A verdade teima em ecoar dentro de mim,
Que é em teus braços que pertenço, enfim.
Por mais que eu me encha de versos de amor-próprio,
Erga muralhas para esconder este vácuo vazio,
A verdade é que meu coração ainda te abriga,
Numa contradição que minha alma fustiga.
Gostaria de arrancar-te de minha alma, desvencilhar,
Mas, no fundo, anseio por tua presença, a sussurrar.
Porém, mesmo nesse impasse, nessa tormenta,
Continuo a caminhar, erguendo a cabeça.
Pois a verdade, por mais dura que seja a ferida,
É que o amor, por vezes, é uma luta indefinida.
Carlos Roque - 01/06/2024
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