Kanienga L. Samuel - José

Kanienga L. Samuel - José

Técnico de Construção Civil, Poeta e Pensador. Percorro as veredas do conhecimento com muito amor, paciência e prudência, para não tropeçar e cair no abismo da ignorância.

1998-03-02 Mbanza Congo - Zaire, Angola
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𝑵𝒐 𝑻𝒆𝒎𝒑𝒐 𝒆𝒎 𝒒𝒖𝒆 𝒐 𝒕𝒆𝒎𝒑𝒐 𝒏ã𝒐 𝒆𝒙𝒊𝒔𝒕𝒊𝒂

Quando as estradas eram cabeludas,
Cabelos que as deixavam deslumbrantes,
Com aspecto de alguém do mato...
Ah! Os veículos, que eram fatores de espanto!

Quando existiam feriados,
Os grandes aparelhos amontoados nos campos,
As maratonas em todos os lados,
As músicas vindo de todas as casas
Nos finais de semana e feriados...

Ah! Quando havia Natal;
As ruas maquiadas com plástico e papel,
Adornadas de luzes que, à noite, as transformavam em céu.
Coca-Cola, Fanta, Sprite e Yuki também,
Bolo, frango, feijão, arroz... grandes pitéus...

As bonecas e os bonecos verdes soldados,
E os de lodo que fabricávamos,
As viaturas conduzidas com comando,
As armas de brinquedo que comprávamos...

Ah! Quando a família existia;
Um milhão de pessoas cabiam em um domicílio pequeno.
Nos finais de semana, visitava-se um tio ou uma tia,
E raramente se tocava em um membro,
Porque outrens se envolviam...

Hi hi hi, he he, he he he!
Assim cantava o telemóvel que o pai tinha,
A água mineral embalada que bebia,
Os cinzeiros em casa e no carro que dirigia,
O júbilo que ao subir no automóvel sentia...

Ah! Quando o bairro era morada;
As ruas quase sempre abarrotadas,
Uns, de cueca, voando com ventoinhas de papel,
Outros fazendo voar aves de plástico,
Substantivados papagaios que preenchiam o céu...

À noite, quando a infância existia,
Brincava-se de esconde-esconde,
Pula na montanha, raposa...
Havia estigas, histórias e adivinhas...

O jogo da "garrafinha" que se jogava,
As longas brincadeiras e conversas...
As pessoas não eram ocupadas nem apressadas...
Lá, o tempo não existia — ou então, não passava.

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