Paulo Jorge

Paulo Jorge

A poesia fatalista e decadentista é um exemplo sublime da exaltação da morte em todo o seu esplendor, e desde sempre eu retiro satisfação pessoal deste saborear tétrico da vida.

1970-07-17 Lisboa
68251
0
3

Partida

Partirei um dia qualquer,
Triste e dorido com a vida,
Não sei se poderei ousar sequer,
Levar para a morte a alma perdida.

Cedo ou mais tarde estarei de partida,
Levarei comigo o silêncio da vida,
Com certeza lembranças da música ouvida,
O verde dos bosques e o mar de guarida.

Montanhas que ousaram chegar ao céu,
Cobertas de neves eternas geladas,
Contaram-me um segredo quando anoiteceu,
Para lá das nuvens de chuva carregadas.

Que as estrelas todo o dia brilhavam,
Fazendo sempre muita companhia,
Ora duma roda de fogo nasciam,
Ora morriam num buraco negro em agonia.

Com as estrelas irei ter um dia,
Quando o destino reunir a irmandade,
De acordo com tudo o que previa,
Encarnarei um raio de luz em liberdade.


Lx, 1-4-2004
616
0

Mais como isto



Quem Gosta

Quem Gosta

Seguidores